CONCLUI UM ESTUDO DIVULGADO ONTEM
A Comunicação Social moçambicana tem um longo caminho por percorrer rumo a uma cobertura eleitoral que siga escrupulosamente os mais elementares critérios de plasmado no código de conduta.
Esta é a conclusão saída de um estudo de monitoria da cobertura das eleições Presidenciais, Legislativas e Provinciais realizadas em 2009 em Moçambique.
De acordo com o Estudo, ainda reina a parcialidade na orientação dos artigos produzidos pelos jornalistas na cobertura que realizam.
O estudo ontem apresentado em Maputo abrangeu a Televisão de Moçambique (TVM), Rádio Moçambique (RM), os jornais Notícias, Diário de Moçambique, bem como os semanários Magazine Independente Savana, Zambeze e A Verdade.
A monitoria refere que em termos de abrangência, os órgãos monitorados fizeram uma cobertura “muito ampla”, tendo reportado o dia-a-dia da campanha eleitoral um pouco por todo o país.
O estudo salienta que de forma geral, a cobertura foi mais focalizada no partido
Frelimo e no seu candidato Armando Guebuza.
Na TVM e nos jornais, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e o seu candidato, Daviz Simango, apareciam sempre em segundo lugar, enquanto a Renamo e o seu respectivo candidato, Afonso Dhlakama sempre em terceiro.
“Na cobertura feita pela RM, a Renamo e Afonso Dhlakama aparecem em segundo lugar”, lê-se no documento.
Numa análise valorativa, o relatório aponta que os mesmos órgãos deram maior
protagonismo e visibilidade ao partido Frelimo e ao seu candidato.
“Os elevados índices de favoritismo para a Frelimo e seu candidato e os desfavorecimentos para a Renamo e Dhlakama dão uma indicação da existência de parcialidade, deliberada ou não, por parte dos jornalistas dos órgãos monitorados, particularmente da TVM” refere o relatório.
Segundo os consultores, o incumprimento do código de conduta aprovado e assinado pelas chefias editoriais dos órgãos de comunicação social moçambicanos deve-se a vários constrangimentos estruturais. Por um lado, apontam-se constrangimentos de ordem financeira que obriga os profissionais a dependerem das condições criadas pelos partidos políticos, e por outro, a problemas de ordem pessoal, como a falta de consciência sobre a seriedade da sua profissão. O Secretário do Sindicato Nacional de Jornalistas (SNJ), Eduardo Constantino, reconhece estas fragilidades e aponta a falta de
consciência por parte dos profissionais como sendo a mais grave.
“Ainda há um longo caminho por percorrer para que o código de conduta venha a ser respeitado por todos os profissionais. É preciso sublinhar que os repórteres podem ter consciência da necessidade de cumprir o código, mas se os responsáveis editoriais não tiverem a consciência de que este instrumento deve ser cumprido, continuaremos a ter estes problemas”, defendeu.
Constantino acrescentou que “o maior problema não é a falta de recursos financeiros, mas sim a falta de consciência sobre a necessidade de cumprir o código”. O estudo encomendado pelo SNJ tinha em vista avaliar como os media cobriram a campanha eleitoral, tendo em conta os artigos publicados.
DIÁRIO DE NOTÍCIAS – 30.06.2010