O Canalmoz obteve, durante o longo fim-de-semana, a confirmação de que o Millennium-bim vai encerrar a sua agência no Maputo Shopping, pertencente ao Grupo MBS de que faz parte Mohamed Bachir Sulemane e empresas de seus familiares directos arroladas pelo Departamento de Tesouro americano e declaradas pelo presidente dos EUA, Barack Obama, como envolvidos no mundo da “droga” e “lavagem de dinheiro”.
A informação ainda não é oficial mas o anúncio público está iminente, assegurou ao Canalmoz uma fonte que nos pediu rigoroso sigilo. Disse-nos inclusivamente que poderá ocorrer no fim do corrente mês.
No Shopping do MBC funcionavam três agências dos maiores bancos estabelecidos ou sediados em Moçambique. O Barclays e o BCI já encerraram as suas actividades naquele edifício e o Millennium-bim está agora confirmado que vai fazer o mesmo.
As POS nas lojas estabelecidas no centro comercial do MBS deixaram de funcionar há cerca de dez dias.
Apesar do Barclays e do BCI já terem encerrado as suas agências no MBS ainda nenhum deles anunciou que deixou de ter operações com os visados pelas restrições instituídas pelo governo dos Estados Unidos para quem tem simultaneamente negócios com cidadãos e instituições americanas.
Na vídeo-conferência de imprensa concedida aos jornalistas moçambicanos na tarde do dia 09 de Junho, pelo director do Gabinete de Controlo de Bens Estrangeiros, do Departamento do Tesouro dos EUA, Adam J. Szubin, este quando questionado se nestas operações de comércio internacional de droga o empresário moçambicano conta com alguma facilitação ou mesmo colaboração de entidades bancárias em Moçambique, disse que não daria elementos sobre estas questões que eventualmente envolvem o Governo e a banca, mas recomendou que as instituições do Estado, banca e transportadores tomem muita atenção às acções de Bachir e suas empresas.
Adam Szubin aconselhou aos bancos, agências de viagem e de transportes e autoridades governamentais que investiguem o cidadão moçambicano Momade Bachir Sulemane, e frisou: “esta tarefa não cabe aos EUA”.
O director do Gabinete de Controlo de Bens Estrangeiros do Departamento do Tesouro dos EUA deixou bem claro que o objectivo dos Estados Unidos da América ao declarar o moçambicano do MBS como “barão da droga” e de estar envolvido em “lavagem de dinheiro”, visa apenas evitar que os cidadãos norte-americanos tenham relações com o alegado “narcotraficante”, para não permitir que Bachir use o sistema financeiro norte-americano.
Adam Szubin avisou que as transacções de Bachir passarão a ser confiscadas. A este respeito, Szubin disse na vídeo-conferência que todas as transacções financeiras de Bachir e das suas empresas que estão incluídas na lista dos narcotraficantes, não deverão passar pelo sistema financeiro norte-americano, pois, caso passem, “serão confiscadas e congeladas”.
De notar, contudo, que contra M.Bachir Sulemane há “apenas sanções de índole administrativa que lhe foram aplicadas”, referiu o chefe do Gabinete de Controlo de Bens Estrangeiros (OFAC), do Departamento do Tesouro dos EUA.
Como tal, as medidas que os bancos estão a tomar podem ser interpretadas como de carácter preventivo para evitarem problemas para os próprios bancos, designadamente com as suas cotações em bolsa, sobretudo com as transferências internacionais que passam todas pelo centro de controlo em Nova York. Aliás, não só as contas de Bachir e seus associados como de todos os outros clientes dos bancos locais. Qualquer insistência em deixar passar despercebidas as recomendações que foram deixadas poderá prejudicar as outras operações dos bancos, confidenciou-nos uma fonte americana. (Fernando Veloso)
CANALMOZ – 28.06.2010