PORQUE considera que “pensar é a melhor forma de viajar”, o escritor moçambicano Mia Couto chamou ao livro em que reuniu textos escritos para a revista de bordo das Linhas Aéreas de Moçambique “Pensageiro Frequente”.
“Este livro é uma colecção de histórias, de pequenas crónicas que fiz para a revista de bordo das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), que é a nossa companhia aérea, com a qual durante uns quatro ou cinco anos eu mantive colaboração mais ou menos assídua”, disse o escritor à LUSA.
O pré-lançamento do livro aconteceu esta terça-feira na Livraria CEBuchholz, em Lisboa. Só chegará às livrarias a 12 de Julho.
Segundo Mia Couto, “são textos muito marcados por esta circunstância de serem produzidos para funcionarem como uma espécie de convite à viagem, ao conhecimento de Moçambique”.
Alguns destes textos foram escritos durante viagens de avião, indicou o autor.
“Eu escrevo muito no avião como uma forma de fugir da viagem. Fugir daquela circunstância. E noto que as pessoas têm esta necessidade quase vital de terem um escape dentro do avião, como se procurassem uma espécie de um intervalo, de uma fuga à viagem”.
Como reparou que as revistas de bordo em Moçambique são muito lidas, achou que escrever nelas era uma maneira de também escapar à circunstância de que em Moçambique as tiragens dos livros são pequenas.
“Nós temos de comunicar por outras vias, e a revista de bordo funciona como uma dessas maneiras de falar com as pessoas”, observou.
Sobre o título que deu ao livro, “Pensageiro Frequente”, Mia Couto afirmou que, “de facto, o pensamento é a melhor forma de viajar – é provavelmente a única forma de viajar”.
“Ninguém viaja se não viajar em pensamento. E como o pensamento é muito solene, muito sério, então prefiro este termo do ‘pensageiro’, que é mais leve, que é mais ‘volável’, concluiu.
Um reencontro com a escrita de Mia Couto num livro que se abre como uma aguarela das terras e das gentes de Moçambique.Mia Couto nasceu na Beira, Moçambique, em 1955. Foi jornalista. É professor, biólogo, escritor. Está traduzido em diversas línguas.
Entre outros prémios e distinções destaca-se a nomeação, por um júri criado para o efeito pela Feira Internacional do Livro do Zimbabwe, de Terra Sonâmbula como um dos doze melhores livros africanos do Século XX.