O facto foi dado a conhecer pelo administrador local, António Januário. Por outro lado, o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) reafirma que está em alerta máximo para qualquer intervenção de emergência sobre eventuais necessitados de ajuda alimentar.
Até ao princípio da manhã de ontem, entretanto, e conforme se previa, a HCB aumentou as suas descargas de 2.500 para 5.000 metros cúbicos por segundo, num processo integrado na manutenção regular das comportas para garantir a segurança na capacidade de encaixe da albufeira. Ainda naquele período, a última onda do volume de águas tinha já atingido a região à jusante do distrito de Caia, obrigando a uma retirada precipitada dos ilhéus para áreas mais seguras.
No que se refere a outras regiões na bacia do Zambeze o Delegado do INGC em Sofala, Luís Pacheco, disse não dispor de quaisquer outras informações até à altura em que manteve um contacto com o nosso jornal.
De acordo com o administrador de Chemba, António Januário, a situação das inundações do Zambeze estava controlada na sua área de jurisdição até a manhã de ontem, tendo baixado os níveis do caudal de 3.44 para 3.38 metros. A escala mínima de inundações daquele rio na estação local está fixada em 2.10 metros.
Como consequência dessa situação disse, todas as culturas alimentares como maçaroca na fase de maturação, hortícolas, feijões e batata-doce foram arrasadas na zona baixa do distrito de Chemba, abrangendo um total de 17 ilhas, a partir da zona de Chawawa até Macoma no limite com o vizinho distrito de Tambara, em Manica. Foram afectadas as povoações de Tsoni, Ntsusso, “3 de Fevereiro”, Vila-sede, Ndango, Nhadula, Panferere, Chiramba, Chinhabuzua e Nhacomica.
Januário sublinhou ainda que a drástica evolução destas inundações no grande Zambeze obrigou a que o Governo reactivasse pontualmente todos os Comités Locais de Gestão de Riscos de Calamidades existentes no distrito de Chemba, o que evitou eventual perca de vidas humanas.
A invasão das águas aos campos agrícolas durou quatro dias, inviabilizando assim todo o esforço empreendido pelos camponeses, cuja última esperança na produção de comida residia, este ano na 2ª campanha. A 1ª época foi intensamente afectada igualmente por factores combinados entre a seca e as inundações.
Na globalidade, cerca de oito mil famílias, o equivalente a 40 mil pessoas, necessitam de ajuda alimentar de emergência no distrito de Chemba até a próxima colheita prevista para Março de 2011 em quantidades ainda não especificadas.
Basicamente, o problema de fundo está relacionado com a falta de sementes, pois as necessidades ainda estão a ser arroladas. Caso não se concretize tal ajuda, o administrador de Chemba alertou para o registo este ano, na região, de uma grave situação de fome.
Relativamente ao distrito de Caia, o administrador José Cuela, anotou que, efectivamente, a onda da última descarga da HCB começou a reflectir-se na região, mas com pouca intensidade. Adiantou não haver perigo de perca de vidas humanas, pois todos os ilhéus retiraram-se para as zonas de reassentamento criadas nas anteriores situações do género.
Em Marromeu, a situação mantinha-se calma até ao princípio da tarde de ontem, numa região em que se receia que as inundações em curso possam vir a fustigar algumas comunidades ribeirinhas caso os níveis atinjam na escala hidrométrica daquela vila, uma leitura de cinco metros.- Horácio João