"Razões de segurança de Estado"
- admite expressamente a companhia moçambicana de bandeira
A ocorrência com o voo "charter" das LAM que levou passageiros de Maputo para assistirem ao jogo Espanha-Portugal, do Mundial de Futebol 2010, "deveu-se a razões burocráticas e de segurança de Estado que obrigaram a aeronave a permanecer em Cape Town por um período indeterminado", lê-se numa carta que o director de Marketing, Comunicação e Imagem da companhia, Adam Yussof escreveu aos passageiros.
Embora reconhecendo ter-se tratado de problemas de "segurança de Estado", a LAM ainda não esclareceu, objectivamente, que tipo de problemas tão graves terão suscitado tantas horas de retenção da aeronave em Cape Town.
O voo que deveria ter partido logo após o jogo de regresso a Maputo, só teve início na manhã do dia seguinte.
Para se explicar o atraso, entre várias especulações chegou-se a tentar alegar que "um menor a bordo era portador de um passaporte roubado em Espanha". O menor, que é filho de Justino Jone, um funcionário da Ernestt & Young, uma reputada firma de auditoria, estava de facto na companhia de um cidadão, de nome João Trincheiras, mas este, em contacto com o Canalmoz, esclareceu que com ele iam também dois filhos seus. "Além do referido menor que realmente ia comigo, tambem iam comigo no mesmo voo 2 menores meus filhos. Eu desloquei-me com 3 menores dos quais 2 meus filhos e um filho de um colega meu de serviço."
Trincheiras fez ainda questão de referir que "em nenhum momento se questionou o porquê de viajar com um menor". "O passaporte foi mostrado às autoridades e devolvido 30 minutos depois", acrescentou João Trincheiras.
Vários passageiros declararam em Maputo ao Canalmoz que cães polícias tinham farejado a mala do menor e nela apenas tinham encontrado duas maçãs. João Trincheiras, que não tinha sido ouvido pelo Canalmoz agora deu-nos a sua versão. Disse que a mala da criança "não foi revistada em nenhum momento por ninguém nem havia cães no terminal perto dos passageiros. O menor estava junto com os meus dois filhos menores. Estavam a dormir em bancos metálicos, sem cobertor, sem água e com muito frio", conclui.
No regresso do voo a Maputo o Canalmoz abordou seis passageiros, como referimos na nossa edição de sexta-feira, das sessenta e seis que faziamparte do voo. Unanimemente sugeriram que o efeito Momad Baschir Suleiman (MBS) - há um mês designado "Barão de Drogas" pelo presidente Barack Obama, e declarado envolvido em actividades de "lavagem de dinheiro" pelo Departamento do Tesouro dos EUA - poderá ter estado por detrás da retenção da aeronave Embraer da LAM, na cidade do Cabo.
Como a madrugada entrara sem que o voo de regresso a Maputo pudesse ser
efectuado contaram-nos vários passageiros que as autoridades sul-africanas
não desarmavam das suas várias alegações.
Ao amanhecer, segundo vários passageiros, o coro de protesto crescia mas nem com isso o imbróglio tinha solução. Contaram-nos que pela manhã, quando alguns passageiros se predispunham a colocar a notícia, por via telefónica aos principais órgãos de comunicação social baseados em Maputo – intenção comunicada às autoridades sul-africanas no aeroporto - uma "alta patente da policia sul-africana", explicou a alguns passageiros que a situação da retenção do voo, se devia a suspeitas de o mesmo ter levado de Maputo à
África do Sul, estupefacientes "de um Barão da droga moçambicano". O mesmo terá explicado que o aparelho havia sido "minuciosamente revistado" e que dentro de minutos poderiam "voar à vontade".
Nada mais restou aos excursionistas, exaustos, após cerca de dez horas de
espera, regressarem a Maputo, com as agendas totalmente desprogramadas.
LAM
Como forma de compensação pela "compreensão" enquanto aguardavam
incomodamente pelo voo para Maputo, a LAM, na carta de pedido de desculpas que endereçou aos passageiros, convida-os a voltarem a viajar na LAM com um bilhete 100% gratuito, num percurso doméstico, para qualquer destino, no prazo de ano.
CANALMOZ – 05.07.2010