Perante uma Polícia incapaz
A Polícia da República de Moçambique (PRM) no Chókwè, capital do distrito com o mesmo nome na província de Gaza, mostra-se incapaz de conter a onda de criminalidade que nos últimos dias aterroriza os cidadãos, alegadamente porque não têm efectivo pessoal nem meios circulantes para realizar o seu trabalho.
Entretanto, os munícipes desmentem essa justificação e afirmam que os criminosos praticam assaltos com sucesso a estabelecimentos comerciais, na sua maioria pertencentes a cidadãos de origem indiana, e cometem assassinatos porque a Polícia colabora com eles. Há relatos de meliantes que protagonizam assaltos com recurso a armas falsas que são brinquedos.
Os munícipes manifestaram-se indignados com o facto de alguns criminosos, que eles próprios capturam e os encaminham à esquadra, serem soltos arbitrariamente. Depois, ameaçam os denunciantes de morte. Falam igualmente de detenções ilegais fabricadas pela Polícia, como forma de conseguir dinheiro.
Recentemente, a reportagem do Canalmoz esteve naquele distrito e testemunhou momentos de grande agitação dos munícipes, devido ao recrudescimento do crime. No último sábado, por exemplo, a maioria dos comerciantes, como forma de pressionar as autoridades policiais a intensificarem a segurança na urbe, não abriu as suas lojas. Soubemos que tal surgiu na sequência de mais um assalto e assassinato, na noite anterior, de um segurança de uma das lojas que operam naquela parcela do país.
Magan Caquil confirmou-nos o caso e explicou que cinco homens munidos de armas de fogo, mais concretamente pistolas, mataram a tiro o segurança da sua loja, tendo de seguida roubado avultadas somas de dinheiro. Não especificou o valor. Acrescentou apenas que de há três meses para cá os assaltos a lojas ocorrem de forma sistemática e os cidadãos “indianos são as maiores vítimas”.
Magan Caquil acusou a Polícia local de pouco ou nada fazer para garantir a segurança no distrito. Encheu-se também de coragem para dizer que na mesma Polícia há agentes que perseguem os comerciantes, principalmente estrangeiros, com o intuito de extorquir dinheiro. “Todas as autoridades andam atrás dos comerciantes, mas em contrapartida não dão segurança. Como vamos trabalhar?”, questiona. “Queremos segurança. Sem segurança, não vamos trabalhar”, acrescenta.
Reacção do edil de Chókwè
O presidente de Conselho Municipal de Chókwè, Jorge Macuacua, quando confrontado com a situação caótica que se vive na sua jurisdição, classificou o fenómeno de “anormal”. Considera que “a intenção dos meliantes é desestabilizar os agentes económicos e travar o desenvolvimento do distrito”.
Quanto à ameaça feita pelos comerciantes, de paralisar as actividades comerciais caso a Polícia não actue com eficiência, o edil de Chókwè disse que tal não irá a acontecer porque serão tomadas medidas para se encontrar uma forma de restabelecer a ordem e segurança pública.
Na óptica de Macuacua, “o índice de criminalidade acentua-se pelo facto de o distrito de Chókwè estar situado próximo da EN1 e ter filhos que trabalham na África do Sul”. E diz: “Provavelmente, são eles os portadores de armas”.
O presidente de Conselho Municipal de Chókwè, Jorge Macuacua, a terminar disse-nos que para aliviar a tensão na cidade “as comunidades serão educadas a denunciarem qualquer caso de alguém estranho na cidade que esteja na posse de uma arma de fogo”.
O distrito do Chókwè é conhecido como um centro de venda de mercadorias traficadas da África do Sul, nomeadamente viaturas roubadas, e a opinião pública admite que agentes da autoridade sejam coniventes. (Egídio Plácido)
CANALMOZ – 28.07.2010