Canal de Correspondência, por Milissao Nuvunga: “Mozal poluiu menos do que a agricultura” Sobre a noticia publicada no vosso jornal (edição da web) sobre a poluição da Mozal. Escrevo para o vosso jornal porque vocês adoptam uma perspectiva crítica na exposição dos factos sociais e políticos. Eu penso que o problema com a Mozal não é a quantificação da poluição mas sim a utilidade da poluição. Na minha maneira de ver as coisas, o problema do debate está no facto de nós atribuirmos à Mozal a mesma utilidade social que à produção agrícola. |
A pergunta que eu coloco é a seguinte: será que a produção da Mozal tem a mesma utilidade que a produção do carvão e lenha, ou o mesmo valor que a queima do carvão e lenha nas residências para produzirem refeições para os milhões de moçambicanos que não usam um fogão eléctrico? Eu penso que enquanto nós não colocarmos estas questões básicas, como cidadãos e como jornalistas, estaremos muito dependentes desse tipo de estudos que não relacionam os factos. No sentido figurado, a poluição da Mozal pode ser a gota de água que faz transbordar o copo da poluição. E se for assim, temos que qualificar a utilidade dessa gota no copo das diversas poluições que nos afectam.
A Mozal pode não poluir mais do que a agricultura, mas pode ser que enquanto nós não podemos viver sem a agricultura, talvez possamos viver sem a Mozal.
Um abraço, e as minhas sinceras desculpas por vos usar como um canal para vazar a minha ira contra a Mozal.
(Milissao Nuvunga)
CANALMOZ – 31.08.2010