A pesquisa foi feita pelo Museu Nacional de Geologia, em parceria com o Museu da Lourinha de Portugal
Uma equipa de pesquisadores moçambicanos e portugueses descobriu, na província de Niassa, vários crânios de répteis “mamalianos” (sinapsideos) que atestam que antes da espécie humana existiram naquele ponto do país outros animais vertebrados.
Trata-se de restos de animais que se presume que tenham vivido num período considerado crucial da evolução dos mamíferos (cerca de 250 milhões de anos, vários milhões de anos antes dos primeiros dinossauros) e suspeita-se que possam conter informações muito importantes acerca da evolução dos mamíferos que hoje conhecemos, incluído o homem.
As investigações decorreram no âmbito de um projecto científico internacional intitulado “PaiNiassa”.
De acordo com o director do Museu Nacional de Geologia, Luís da Costa Júnior, “os resultados obtidos na pesquisa vão melhorar não só aqueles que são de conhecimento geológico de Moçambique, mas vão ser úteis também para o mundo científico, visto que nessa matéria o país já se configura como mais uma bacia no mundo, contra apenas três que até então eram conhecidas”.
“É um dado novo a ser levado em conta”.
Luís da Costa disse igualmente que antes desta descoberta em Moçambique, em África apenas a República da África do Sul é que tinha estes tipos de fósseis. “Eram conhecidos os fósseis de répteis “mamalianos” em outros locais, mas agora é a primeira vez que aqui os temos”.
Enquanto isso, a equipa de investigação afirmou que esta não é o primeiro trabalho de género a ser realizado em Moçambique. A primeira pesquisa foi feita no ano de 2009, que resultou na descoberta de um esqueleto de “mamaliano” completo. Sobre este assunto, ainda decorrem estudos complementares para se descobrir a sua origem.
Houve, referiu o grupo de investigação, outros estudos feitos naquela localidade, mas é a primeira vez que se faz um estudo integrado para se saber “o que aconteceu antes e depois destes répteis, sua evolução, como é que os mesmos animais surgiram e qual é a importância que tem para o surgimento de mamíferos e a maior parte da fauna bravia”, disse.
Os mesmos investigadores do Museu da Lourinha de Portugal, que lideram o trabalho, referiram que todo o material encontrado será limpo e tratado em Portugal, mas depois será trazido de volta para Moçambique, onde será depositado no Museu Nacional de Geologia. No entender deles, os fósseis ora encontrados fazem parte do património geológico moçambicano, do qual o seu povo deve beneficiar. (Egídio Plácido)
CANALMOZ – 20.08.2010