Destaco os comentários de Francisco Nota Moisés:
"Aquela gente da Frelimo não são seres humanos, são animais" -- José Vilanculos, um escapado do Campo de Concentração de Ruarua. A Vida de Fanuel Mahluza em suas próprias palavras contada ao autor "Entre as coisas que fazíamos, que devíamos fazer, diariamente era ir buscar água para os chefes do campo, Monsieur Mba," disse-me Mahluza falando da sua fuga do campo de Ruarua, usando o nome que ele me chamava a partir do nome dum carácter fictício que aparecia num livro senegalês de ensino de francês que se usava nas escolas secundárias no Quénia. Ele me chamava monsieur Mba visto que eu falava francês. "Éramos sempre escoltados por um soldado -- um guarda armado de ak-47 marchando atrás de nós com a sua arma e baioneta apontadas a nós. Mas naquele dia, o soldado marchava em frente de nós com a sua arma nos ombros, coisa que este soldado nunca fazia. Éramos dois prisioneiros. Foi então que assaltei o soldado, arranquei-lhe a sua arma. Engatilhei-a logo, apontando-a ao soldado e disse-lhe: tu és agora prisioneiro. Se gritas ou não obedeces as minhas ordens disparo e mato-te logo. O soldado começou a tremer antes de eu lhe dizer para andar a nossa frente na direcção que lhe íamos indicando, ao que obedeceu sem mais fanfarrada. Metemo-nos na mata e andamos e andamos. Quando estivemos muito longe da base, disse ao soldado para se despir e entregar-me toda a sua roupa. Isto ele fez e dissemos lhe que regressasse ao campo, nu como estava, enquanto eu e o meu colega continuamos em direcção ao Rovuma com a intenção de atravessarmos o rio para a Tanzânia e irmos ao Quénia.
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As mentiras que Sérgio Vieira e outros como ele propalam sobre Eduardo Mondlane. Na propaganda e história fictícias da Frelimo sobre Eduardo Mondlane aparecem algumas deturpações grosseiras que são contadas aos pobres moçambicanos e ensinadas a estudantes nas escolas da Frelimo em Moçambique. Frelimo diz que Eduardo Mondlane foi o fundador da Frelimo, primeiro presidente da Frelimo e obreiro da unidade nacional. Uma mentira: Eduardo Mondlane não fundou a Frelimo. Quando havia vai-e-vens para fundar a Frelimo, Mondlane estava repimpado nos Estados Unidos onde tinha trabalhado nas Nações Unidas e depois ensinava como professor adjunto de sociologia na Universidade de Syracuse em Nova Iorque. Poucos, senão nenhuns, daqueles que fundaram a Frelimo conheciam Eduardo Mondlane. Foi o presidente Julius Nyerere da Tanzania que sugeriu, diga-se ditou, aos congressistas que formaram a Frelimo em Dar Es Salaam em 1962 que ele conhecia um moçambicano educado nos Estados Unidos que podia dirigir a Frelimo. Nyerere conheceu Mondlane quando ele lutava pela independência de Tanganyika e Mondlane trabalhava nas Nações Unidas na altura. Nos Estados Unidos, o próprio Mondlane, que tinha ido a Moçambique em 1962 com Janet Ray Mondlane,a sua esposa, e onde declarou o "meu orgulho em ser português" não estava entusiasmado pela ideia. Todavia, acabou por aceitá-la sob a pressão da CIA que queria que "você seja os nossos olhos e os nossos ouvidos naquela organização que será influenciada pela União Soviética e a China vermelha." E com promessa de dinheiro da CIA, Mondlane aceitou. Um aspecto que a Frelimo não conta é como Mondlane chegou de ir aos Estados? Mondlane, foi de Lisboa estudar nos EUA como um estudante português, e não refugiado como foi o caso com os outros, e com um passaporte português. Mas ele alegaria mais tarde que foi a América visto que as universidades portuguesas não tinham os cursos que ele queria estudar. Na América ele estudou Sociologia e Antropologia. Custa muito acreditar que até a prestigiosa Universidade de Coimbra, uma das mais antigas na Europa, não estivesse a ensinar Sociologia ou Antropologia nos anos de 1950. Diz a Frelimo que Eduardo Mondlane foi o primeiro presidente da Frelimo. Isto é uma verdade. Está correcto. Se que na verdade ganhou em tais eleições no congresso fundador da Frelimo em 1962 em Dar Es Salaam ou houve o manipulação e roubo de votos, isto é um outro aspecto, embora me custe acreditar que a dita eleição foi genuína. Nyerere queria que Mondlane fosse dirigente da Frelimo e a ala tribalista sulista incluindo Fanuel Mahluza no congresso queria que um deles do sul fosse chefe da Frelimo e não o "chingondo ndau" de Uria Simango ou o muito revolucionário inhambanense Adelino Gwambe. A Frelimo nunca teve eleições genuínas e custa me acreditar que a eleição do primeiro congresso da Frelimo tivesse sido genuína -- eleição esta dominada por batoteiros e pessoas que nunca tinham realizado eleições. Agora o ponto de Mondlane ser o obreiro da Unidade nacional é uma grande fantasia e deturpação criminosa. O facto de que já depois do congresso havia dissensões contra a liderança de Eduardo Mondlane que culminariam na desertação de alguns altos membros como Paulo Gumane, Fanuel Mahluza e a fuga de Jaime Khamba para América e dos líderes da MANU e de muitos outros falam-se por si. Em 1965 Paulo Gumane e outro fundariam COREMO em Lusaka na Zâmbia. A história engendrada por Sérgio Vieira não fala da rebelião contra a liderança de Eduardo Mondlane que tomou lugar em 1968, que vi, vivi e na qual participei. Basta das mentiras da Frelimo!
Francisco Nota Moisés
NOTA:
Interessante que tendo este vídeo já sido visto até agora por 1280 pessoas apenas 1 pessoa, repito, apenas 1 pessoa, haja comentado esta entrevista. E posso garantir que pelo menos 95% dos 1280 viram o vídeo na totalidade. Mais: cerca de 55% em Moçambique. Será que o seu conteúdo nada lhes diz? É triste.
Seria interessante que a TVM repetisse a apresentação desta série de entrevistas "No singular", onde esta se inclui. Aqui vai o desafio.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE