A nossa reportagem apurou, recentemente, que naquele local, os responsáveis municipais dizem que o problema foi já eliminado, enquanto os residentes não concordam, pois afirmam as escavações ainda continuam, particularmente na calada da noite.
Algumas pessoas entrevistadas são da opinião que, enquanto houver falta de meios alternativos de sobrevivência, as escavações das praias continuarão a constituir uma forma de ganhar a vida naquele naquela urbe municipal que é igualmente Património Cultural da Humanidade.
“A verdade é que as escavações das praias abrandou nos últimos tempos, mas não acabou. Algumas crianças, que são as mais envolvidas nesta prática nociva ao ambiente, continuam com o seu trabalho. Tenho visto isso”, afirmou Manuel Mualiho, um comerciante do distrito de Monapo, residente na Ilha de Moçambique.
Para ele, deve haver seriedade por parte de quem de direito no combate a este mal, tendo em conta que essas escavações têm criado outras situações complicadas relacionadas com a degradação do meio ambiente com destaque para a erosão, um fenómeno que ameaça “engolir” aquela parte insular do país.
Um funcionário público que preferiu falar à nossa Reportagem, na condição de anonimato, referiu que um dos factores que contribui para que o município não consiga resolver este problema antigo é a exoneração incompreensível de uma vereadora que esteve ligada ao assunto.
“Ela era competente e entregou-se tanto no combate das escavações das nossas praias aqui na cidade da Ilha de Moçambique, não sei quais os motivos que levaram a sua exoneração. É que o problema continua, embora algumas pessoas ou crianças que faziam essas escavações tenham sido detidas”, disse a fonte.
Na opinião da Amina Santinho, uma outra residente entrevistada pela nossa Reportagem, o que acontece é que as pessoas envolvidas nessas práticas parece terem adoptado uma estratégia, pois que quando se sentem apertados pelas autoridades municipais deixam passar alguns dias sem fazerem escavações, para depois de o controlo abrandar voltarem a “atacar” as praias.
Sendo assim, na óptica dela, é necessário que o controlo e fiscalização que possa ser fito pelo conselho municipal da cidade da Ilha de Moçambique seja permanente, para não dar espaço ás pessoas que fazem essas escavações.
Entretanto, o chefe de infra-estruturas e urbanização, no conselho municipal da cidade da Ilha de Moçambique, Abdul Atumane, disse à propósito das escavações das praias daquela urbe, haver um trabalho sério que a edilidade está a fazer com vista a eliminar definitivamente esta prática.
“Na realidade a situação era crítica em tempos passados, mas agora praticamente o problema está controlado, pode haver um e outro caso, mas não é como dantes e isto é fruto da intensificação das acções de fiscalização das partes das praias onde as escavações aconteciam de forma sistemática”, salientou.
Por seu lado, o presidente do conselho municipal da cidade da Ilha de Moçambique, Alfredo Matata, disse que praticamente não existem a escavações de praias agora, isto desde que o município passou a dispor de uma polícia camarária que está a fazer um forte trabalho de fiscalização.
Questionado sobre as razoes que levaram a exoneração das suas funções de uma vereadora que se diz ter sido muito competente e que se entregava tanto no combate à escavações das praias, Matata respondeu que se tratou de reorganização interna, visto que a existência dessas escavações era problema de fiscalização e era preciso que se imprimisse uma outra dinâmica que implicou a mexida de alguns quadros da edilidade com vista a responderem as exigências que se impunham no combate cerrado contra essas escavações.
Com as escavações das praias as pessoas procuram supostos objectos raros, particularmente de navios naufragados no decorrer das viagens europeias de descobertas do caminho marítimo para as índias. Essas práticas têm criado sérios problemas relacionados com a degradação ambiental, com destaque a erosão, um fenómeno que ameaça “engolir” aquela cidade.
Segundo dados do conselho municipal, constam entre os objectos muito procurados pelos escavadores ilegais, os artigos de adorno (missangas, porcelanas, ouro entre outros incluindo o ferro velho para a venda no mercado da sucata.
Todavia, as escavações não só afectam as praias, como também os cemitérios onde os “garimpeiros” presumem que juntos dos corpos ali sepultados entre os séculos XVI e XVII, repousam objectos de valor ímpar, como são os casos de colares, anéis e outro.