O histórico movimento que lutou pela independência ficou em segundo lugar mas ainda poderá tentar manter-se no poder recorrendo a uma coligação
A Acção Democrática Independente (ADI), criada em 1992 e que se encontrava na oposição, ganhou as legislativas de domingo em São Tomé e Príncipe, tendo conquistado 26 dos 55 deputados, indicam os resultados divulgados ontem.
O histórico Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe/Partido Social Democrata (MLSTP/PSD), do primeiro-ministro cessante Joaquim Rafael Branco, ficou com 21 deputados. O seu parceiro de coligação Partido da Convergência Democrática (PCD), do escritor Albertino Bragança, conseguiu sete e o Movimento Democrático Força da Mudança-Partido Liberal (MDFM-PL), do Presidente Fradique de Menezes, apenas um dos 23 alcançados há quatro anos.
O MLSTP/PSD já fora o segundo partido mais votado nas anteriores legislativas, em Março de 2006, e ficara então com 20 lugares no Parlamento, mas mesmo assim conseguira a dada altura formar uma coligação com o PCD e, ainda, com o MDFM-PL, que dela acabaria por se retirar.
A afluência às urnas foi de quase 88 por cento dos aproximadamente 80.000 eleitores inscritos, anunciou o presidente da comissão eleitoral, José Carlos Barreiros.
Uma vez que a maioria da ADI foi relativa, o seu líder, Patrice Trovoada, filho do ex-Presidente Miguel Trovoada, terá de negociar com outras forças a possível formação do novo Governo, depois do Presidente da República ter dito que o gostaria de ver novamente como primeiro-ministro. Tal como chegou a ser durante três meses, em 2008.
Em entrevista dada à RDP-África, Trovoada, de 48 anos, afirmou que "o povo escolheu a mudança", ao passar a ADI de 11 para 26 deputados, que significam sensivelmente 42 por cento dos votos expressos.
O líder da ADI destacou ainda o facto de esta ter saído largamente vencedora nos dois maiores distritos do país, os de Água Grande e Mé-Zochi. Aliás, já aí triunfara nas autárquicas realizadas uma semana antes; e nas quais o MLSTP-PSD foi quem obteve mais votos a nível nacional.
Desde a institucionalização do multipartidarismo, em 1991, o arquipélago de São Tomé e Príncipe já conheceu 14 primeiros-ministros, à frente de governos muitas vezes saídos de frágeis coligações. Nenhuma destas coligações conseguiu durar uma legislatura. E os resultados das legislativas de domingo também não permitem certezas quanto ao próximo executivo.
O país, com 170.000 habitantes, vive essencialmente da exportação de cacau, mas o início da exploração de petróleo nas suas águas está previsto para 2014.
PÚBLICO – 03.08.2010
NOTA:
A não ser que o petróleo comece a jorrar(e bem gerido), não vemos hipótese de S.Tomé e Príncipe conseguir sustentar-se como País. A sua população não passa a de um pequeno município, com estrururas de Estado a sustentar. Não é saudosismo. Apenas a realidade.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE