O governo de Manica autorizou a concessão de 220 mil hectares à empresa portuguesa Portucel, para produzir papel, mas mais da metade da área foi reprovada pela população, disse hoje fonte governamental.
No estudo de viabilidade o grupo Portucel/Soporcel havia identificado as áreas em cinco distritos da província, mas nas consultas comunitárias várias parcelas foram reprovadas, o que fez com que novos estudos fossem desenvolvidos em novas áreas.
“Das parcelas anteriormente definidas pela empresa (Portucel) que perfaziam o total dos 220 mil hectares, apenas 80 mil estavam disponíveis e as restantes foram reprovadas pela população no acto das consultas comunitárias”, explicou hoje à Agência Lusa Lázaro Gumende, chefe dos serviços de Geografia e Cadastro, ligado à agricultura.
Das áreas reprovadas fazem parte zonas densamente povoadas, além de que têm potencialidade em produção agrícola e pecuária e são objecto de vários projectos de financiamento a iniciativas locais que estão a ser desenvolvidos nas regiões.
A empresa pretende povoar com eucaliptos os distritos de Mossurize, Sussundenga, Gondola, Manica e Barue, num total de 26 blocos (numa extensão de 150 mil hectares). Os restantes 70 mil serão para infraestruturas.
“Haveria incongruência na ocupação das áreas ora reprovadas pela população, mas a empresa está a encontrar novas áreas para desenvolver o projecto (actualmente já tem 105 mil hectares disponíveis faltando os remanescentes 115) que será bem-vindo para a província”, frisou Lázaro Gumende.
A empresa vai investir cerca de 2,3 mil milhões de dólares (1,8 mil milhões de euros) na produção de pasta de papel em Moçambique. Na província de Manica, centro, localiza-se a maior concessão. O outro investimento será na província da Zambézia onde tem uma concessão de 173 mil hectares.
O grupo Portucel/Soporcel - que é o maior proprietário florestal de Portugal – tem uma capacidade produtiva de 1,55 milhões de toneladas de papel e de 1,35 milhões de toneladas de pasta. O grupo ocupa o terceiro lugar no conjunto das maiores empresas exportadoras de Portugal.
Em cada uma das províncias será construída uma fábrica, junto das respectivas concessões. Actualmente a empresa está a fazer ensaios florestais para apurar que tipo de eucalipto será mais viável nas áreas já concedidas.
Nos primeiros seis meses deste ano, a Portucel/Soporcel foi a empresa do sector do papel que mais exportou para fora da Europa. O grupo gera um volume de negócios superior a 1.100 milhões de euros.
O Governo já deu luz verde e a empresa pode começar a investir nas áreas disponíveis enquanto completa as áreas remanescentes”, concluiu Lázaro Gumende.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS – 27.08.2010