GENESMACUA de: Sebastião Cardoso
Escrever sobre este dia do ano de 1974, não é o objectivo.
Tinha eu 16 anos. Nessa altura, não encontrava identificação, nem com uns, nem com outros Deixo esta intentona ou inventona para os políticos e historiadores. Espera aí... Há alguma cerimónia de homenagem às populações inocentes que foram mortalmente baleadas naqueles três dias de terror?
Já, agora: Há alguma cerimónia de homenagem aos mortos civis e militares da guerra civil? Em todas as praças, de todas as capitais de província, deveria existir um monumento de homenagem às vitimas da guerra civil. Foram 17 anos de horror e 2 milhões de vítimas!!! Ou para ser postumamente homenageado há que estar conotado com a Frelimo? Ou oferecer flores aos outros provoca-lhes, aos kampfumenses, sentimentos gay?...O dia 3 de Fevereiro, poderia ser estendido a todas as pessoas que morreram, nesta guerra fratricida. Nesse dia, centenas de familiares poder-se-iam encontrar nas praças principais das cidades para honrar e saudar os seus entes queridos, militares e civis. Para além de ser um gesto simbólico, seria também bom para o negócio. Em vez de uma praça vazia, com meia dúzia de estruturas do partido, teríamos a praça cheia, e, também, a indústria hoteleira e os retalhistas a facturar.
Mas, o que eu quero, é falar do rapper, cantor, produtor, compositor, escritor, poeta e activista: o polémico Tupac Amaru Shakur, sobejamente conhecido e admirado pela gente jovem de todos os países que fazem fronteira com Mozambique.
O nome Tupac Amaru é' uma homenagem ao índio peruano que se opôs à invasão espanhola. Filho de um casal de activistas do movimento Pantera Negra e descendente, por parte de sua mãe, da casa real dos Garamandes, do fantástico povo Tuareg.
Fez a escola superior de Artes de Baltimore em drama, poesia, jazz e... ballet !!!
Shakur, durante a sua curta vida, tornou-se um símbolo vivo duma geração com sentimentos de revolta, frustração e raiva contra o sistema. O governo do cowboy Bush tentou banir das rádios a sua música. Como rapper, as suas canções detalhavam a miséria, o desespero, a frustração, a discriminação, a raiva e a violência.
Como actor, tinha bom aspecto e era uma figura carismática, e a sua aparição em 5 filmes, mostrou-nos o seu potencial nesta área.
Como músico capturou a imaginação do mundo inteiro vendendo milhões.
Em Novembro de 1994, foi baleado 5 vezes, durante um roubo em que os ladrões se apoderaram de 40.000 USD em jóias.
Miraculosamente, Shakur recupera destes ferimentos para produzir os seus mais impressionantes trabalhos, em 1995: "Me against the world" e "All eyez on me"
No dia 7 de Setembro de 1996, após assistir a um combate de Mike Tyson, é outra vez baleado, num clube nocturno da baixa de Las Vegas. Morre 6 dias depois, no hospital, em consequência dos graves ferimentos.
Tinha apenas 25 anos!!!
O caso, até hoje, permanece em aberto. Terá sido mais uma obra da gang do cowboy Jorge?! Não me admirava, eliminou um Sadam Hussein mas, em contrapartida, criou outros 200 Sadams, no Iraque. Hoje, finalmente, faz no seu rancho, aquilo para que foi predestinado: tratar das vacas...
A caminhar para os 100 milhões de discos vendidos, na minha opinião, não apareceu nenhum rapper, (exceptuando, talvez. o nosso Mc Roger, em mediocridade), tão notável como este "mother fucker". RIP
Autêntico case study em Sociologia, seus poemas e escritos são estudados em várias universidades do Ocidente.
Escutar ou dançar 2pac quando me sinto, algumas vezes, zangado com um mundo ingrato e injusto, é libertador, terapêutico.
WAMPHULAFAX – 30.08.2010