O rio Zambeze, no centro, terá de ficar navegável até 2012, para o escoamento do carvão, sendo necessários investimentos orçados em 149 milhões de euros, diz a Associação Moçambicana para o Desenvolvimento do Carvão Mineral.
Com a exploração do carvão de Moatize, na província de Tete, centro, pelas empresas de mineração Vale (Brasil) e Riversdale (Austrália), Moçambique espera produzir, dentro de cinco anos, mais de 20 milhões de toneladas daquele produto.
O principal desafio do país agora prende-se com a logística de escoamento do mineral, sendo que as soluções a curto prazo passam pela linha de Sena e pelo porto da Beira, no centro.
"Em três anos vamos esgotar a capacidade do porto da Beira, então precisamos de outras soluções complementares", disse o presidente da Associação Moçambicana para o Desenvolvimento do Carvão Mineral (AMDC), Francisco Casimiro, à margem da segunda Conferência Internacional sobre o Carvão, em Maputo.
Uma das opções passa pela navegabilidade do rio Zambeze, que há muito vem sendo discutida em Moçambique, além dos estudos em curso sobre o novo corredor de Nacala, na província de Nampula, norte.
"Logo que se termine o estudo de impacto ambiental, vamos passar para a fase de decidir se vamos ou não implementar a solução da navegabilidade (do rio Zambeze)", o que, a acontecer, "terá de entrar em acção em dois anos", avança Casimiro Francisco. Segundo o presidente do AMDC "estaremos a falar de cerca de 200 milhões de dólares (148,5 milhões de euros)", apesar de ainda ser "preciso completar alguns estudos técnicos".
Relativamente ao corredor de Nacala, Casimiro Francisco prevê que esteja concluído dentro de "seis, sete anos. Portanto, não são soluções concorrentes, são complementares e entram cada uma no seu próprio tempo, ao mesmo tempo que a produção vai aumentando".
De acordo com Casimiro Francisco Moçambique está numa "situação particular", pelo que necessita, a curto prazo, de "investimento acelerado em novas infra-estruturas logísticas".
A questão vai ser debatida hoje em Conselho de Ministros, para que se encontrem "medidas adicionais em termos de envolvimento dos sectores público e privado", disse ainda.
Há uma semana a empresa brasileira de mineração Vale concluiu o negócio de compra da Sociedade de Desenvolvimento do Corredor de Nacala, importante para a exportação do carvão que, a partir de Julho de 2011, vai começar a produzir em Moatize, província de Tete.
Para Casimiro Francisco trata-se de "uma nova era para a economia moçambicana". "Até 2014, 2015 vamos atingir mais de 20 milhões de toneladas que, aos preços actuais, significam mais de 4 biliões de dólares (2,9 mil milhões de euros) só para exportações. Então, é quase duplicar a situação actual em termos de exportações, pelo menos em relação a 2008/2009".
OJE(Lisboa) – 28.09.2010