Destaco a opinião do historiador Michel Cahen:
"Os vários primeiros tiros"
Obrigadíssimo, Fernando. Mas esta troca de mensagens no Macua blog não traz coisas novas. Devem distinguir-se duas coisas:
1. O “primeiro primeiro tiro”, que não foi nem da Frelimo nem da Manu, mas da ELIPAMO, isto é o pequeno braço armado da FUNIPAMO, uma das versões sucessivas da Udenamo. Isto foi nos princípios de Julho de 1964, na Zambézia (para ter a data exata e o lugar exato, tenho que ir ver nos meus papeis!). O grupo era dirigido por um tal “comandante Zodiaco”, e deixou panfletos no lugar. Depois, o “segundo primeiro tiro”, no mês de Agosto de 1964, foi a desastrosa operação da Manu-Quenia, que queria a toda a força começar a luta armada antes da Frelimo para convencer a União Soviética (que, na altura, hesitava muito entre os grupos moçambicanos) de fornecer armas. O objectivo era matar um comerciante português odiado, só que erraram e mataram o padre Daniels, muito amado pelos Macondes.
2. O “primeiro tiro oficial”, isto é da Frelimo. Houve... três primeiros tiros.
No entanto, se a verdade sobre os acontecimentos históricos é sempre uma coisa importante, não se deve esconder que só a Frelimo é que foi capaz desenvolver a luta armada. As acções da ELIPAMO e da MANU não tiveram quaisquer consequências ulteriores, foram “golpinhos” de grupelhos que queriam atrair o apoio internacional, sem trabalho político a sério na população. Não foi a Frelimo que atirou o primeiro tiro, nem foi Chipande que atirou o primeiro tiro da Frelimo, mas bem foi a Frelimo que conseguiu concretamente começar a luta de libertação nacional.
Pelo menos, isto é o meu ponto de visto de historiador.
Melhores cumprimentos,
Michel Cahen
NOTA: Grato pelas explicações. Não se esqueça que tem aqui todo o espaço ao seu dispor
Fernando Gil begin_of_the_skype_highlighting end_of_the_skype_highlighting
MACUA DE MOÇAMBIQUE
Veja: