O Governo do Malawi voltou a apontar as obras em curso, de reabilitação da Ponte Samora Machel, em Tete, como estando na origem da escassez de combustíveis naquele país do interior do continente africano, suscitando uma reacção imediata e ríspida do Alto-Comissário (embaixador) de Moçambique no Malaui, Pedro Davane.
Davane desmente que as obras de reabilitação em curso na Ponte Samora Machel sobre o rio Zambeze constituam a principal causa da escassez de combustível que afecta aquele país vizinho.
O diplomata moçambicano reagia às recentes afirmações do Ministro malawiano da Informação e Educação Cívica, Symon Kaunda, que aponta os trabalhos de reabilitação da ponte como “sabotagem” à economia do seu país, traduzida na falta de combustível com maior impacto na capital Lilongwe.
Aliás, as acusações de Kaunda juntam-se às afirmações da Associação de Economistas do Malawi (ECAMA) para quem as obras estão a afectar os ganhos conseguidos pelo país nos últimos anos, a ponto de comparar a actual crise de combustível à de 2009 que custou ao país cerca de 730 milhões de dólares norte-americanos.
Kaunda, que é igualmente porta-voz do Governo, desmente ainda que a falta de divisas, traduzida na incapacidade de o Malawi pagar pelas aquisições de combustíveis, tenha levado à actual situação vivida no país.
Contudo, o Alto-Comissário moçambicano, que falava à Imprensa malawiana na capital política Lilongwe, disse que a reabilitação da ponte há muito estava planeada, estando agora na fase de execução.
“Não se trata de sabotagem. Moçambique não tem e nunca teve nenhuma intenção de prejudicar o desenvolvimento do Malawi, daí que jamais faria qualquer coisa que prejudicasse o seu crescimento”, asseverou Davane.
CORREIO DA MANHÃ – 28.09.2010