-Nada havendo a acrescentar, repito:
Mariano Matsinhe afirma em 9 de Agosto de 2005:
“O Acordo de Lusaka ainda não é do domínio público, sobretudo a parte militar que continua secreta. Ela existe, está guardada a sete chaves pelo Governo da Frelimo, de acordo com o veterano Mariano Matsinha, um dos seus negociadores.”
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A não publicação do referido documento até à data, é de acordo com palavras de Mariano Matsinhe, fruto de compromissos assumidos entre as duas delegações que estiveram reunidas na "State House".
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"Realmente trata-se de um documento importante para se compreender o processo em si, dos Acordos de Lusaka, mas o importante naquela altura era o reconhecimento por parte de Portugal que nós tínhamos direito à independência. Infelizmente não participei na discussão do "Acordo Militar", e nem sei quais são as cláusulas plasmadas, mas acredito que os portugueses tinham as suas razões em pedir para que não fosse publicado, face à situação em que se encontravam.
O documento está guardado a sete chaves pelo governo. Não conheço o seu prazo, mas acredito que a breve trecho será tornado público", explicou o veterano da Frelimo.
Diz o General Souza Menezes em “Memórias da Revolução; Portugal 1974-
“Havia um anexo secreto ao Acordo, que estipulava a maneira como se faria a movimentação das nossas tropas, de modo a fazê-las regressar a Portugal. Então, o Sebastião Mabote dizia que nós não nos podíamos vir embora. Afirmava-lhe que eles tinham assinado o acordo naquelas condições... (...) “
Não me parece que se refiram ao mesmo documento ou que fosse só isso. Se fosse apenas um acordo, tipo operacional para a retirada das nossas tropas, qual a razão de hoje ainda ser secreto? Não é a isso que Mariano Matsinhe se refere, penso eu.
As frases de Sebastião Mabote " que nós não nos podíamos vir embora" e que "eles tinham assinado o acordo naquelas condições" reforça a minha ideia de que tal documento não era apenas operacional. Ia mais longe, só que o 7 de Setembro em Lourenço Marques deitou tudo a perder.
E, por iniciativa ou interferência de quem? Resta também esclarecer este ponto. O 7 de Setembro não foi tão de geração espontânea, como alguns querem fazer crer.
Por tudo o que tenho lido, conversado e estudado, inclino-me a que, no tal acordo, tropas portuguesas continuariam em Moçambique, em regime de cooperação com a FRELIMO, pois esta sabia não ter força suficiente contra uma qualquer insurreição armada interna (o que veio a acontecer) ou uma invasão externa a favor de um qualquer grupo político moçambicano.
De outra forma não vejo razão para o mesmo não ser ainda conhecido na íntegra.
Agradece-se a quem dê uma contribuição. Para a História de Portugal, como também para a de Moçambique.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
*Leia a entrevista acima citada aqui
Download T Gen S Menezes 1ª parte Mem Rev