Uso desproporcional da força
Um jovem, que depois de algemado pela Polícia, tentou uma fuga precipitada, acabou baleado com tiros de arma de calibre militar, do tipo AK 47. Foi entretanto imobilizado e levado para o carro da Polícia a soco e pontapés. O caso deu-se ontem na baixa da cidade de Maputo, esquina entre as avenidas Samora Machel e Zedequias Manganhela, perto do cinema “Gil Vicente”, no início da tarde.
Não se sabe ao certo como terá iniciado a briga, o certo é que, por volta de 13h00 perto do jardim Tunduro um jovem brigou com dois agentes da Polícia de Protecção (vulgo cinzentinhos), devidamente fardados, e quase que ia se impondo à força contra os magros policiais.
Testemunhas da cena explicaram ao autor destas linhas que os dois agentes da Polícia havia muito tempo que tentavam imobilizar o jovem para algemá-lo mas o jovem oferecia resistência de forma violenta.
Os agentes acabaram por conseguir algemar o jovem mas só depois de mais de 15 minutos de luta e quando os agentes já demonstravam claramente uma grande fadiga física.
Entretanto, depois de algemarem o primeiro jovem, os policiais apoderaram-se do telefone celular de um outro jovem que filmava ou fotografava a cena.
Quando os agentes tentavam recuperar fôlego, eis que o jovem algemado ensaia uma fuga e acto contínuo os agentes fatigados sem outra saída abriram fogo directo contra o fugitivo. O facto gerou pânico na zona por outras pessoas que circulavam nas imediações temerem serem atingidas pelos disparos dos agentes desnorteados.
Na perseguição foram disparados cerca de seis tiros, alguns dos quais atingiram o jovem. Já sangrando mas mesmo assim resistindo à Polícia, o jovem foi neutralizado por um agente à paisana, no interior do jardim Tunduro, para onde se refugiara. Em estado de delírio, algemado e ensanguentado rapaz implorava que os agentes lhe dessem “o tiro final” perante uma multidão que buscava repouso no jardim.
Mais tarde, chegou um carro da Polícia, que recolheu o jovem entretanto para além de baleado também fortemente torturado. (Bento Alfredo, colaboração)
CANALMOZ – 29.09.2010