A 25 de Setembro de 1964, jovens moçambicanos unidos em torno da Frente de Libertação Nacional – FRELIMO – desencadearam a luta armada contra o colonialismo português para a conquista da independência nacional. Pegar em armas foi o último recurso ante a recusa das autoridades coloniais portuguesas em conceder a liberdade aos moçambicanos.
ACEITAMOS DESAFIOS
Alberto Chipande, o primeiro guerrilheiro da Frente de Libertação de Moçambique a disparar o primeiro tiro contra as tropas coloniais portuguesas no posto de Chai, em Macomia, Cabo Delgado, a 25 de Setembro de 1964, disse ter sido uma responsabilidade maior o facto de ter disparado o primeiro tiro, pois marcou um processo que levaria à independência do país.
“Foi uma responsabilidade enorme. Éramos um punhado de jovens imbuídos pelo patriotismo. Soubemos levar avante essa missão importante que nos foi incumbida. Aceitamos a missão que exigiu muito sacrifício até à liquidação do colonialismo. Naquele dia, vi um colono português a cair em minha frente. Foi um orgulho enorme”, disse.
Solicitado a pronunciar-se sobre o facto de alguns círculos de opinião alegarem que não terá sido ele o primeiro guerrilheiro a disparar o primeiro tiro contra as autoridades coloniais, Alberto Chipande afirmou que a história da Frelimo é inacabada.
“É uma história que está sendo escrita, estudada, pesquisada e desenvolvida. Se aparecer um dia um antigo combatente a dizer que ele foi o primeiro a disparar o tiro, havemos de aceitar. Porque não? Nós somos livres, soberanos e aceitamos a democracia. Cada um é livre de falar. Temos na Frelimo uma diversificação de membros. Temos lá comunistas e também socialistas. Temos revolucionários e progressistas. Temos o povo. Todos têm uma maneira de ver a nossa luta, a nossa revolução”, disse.
MINHA PÁTRIA NASCEU E PERMANECE LIVRE
MARCELINO DOS SANTOS, fundador da Frelimo, manifestou-se orgulhoso por ter participado no processo de libertação de Moçambique do jugo colonial português. “A minha pátria nasceu, permanece livre e continua em paz. Eu fiz aquilo que qualquer um de vocês teria feito se tivesse nascido no tempo em que eu nasci. Não sacrifiquei nada, fiz o meu dever. Você acha que eu tenho cara de me sacrificar?
Fizemos aquilo que era o nosso dever. Estamos contentes por termos triunfado, materializado as nossas aspirações. O que significa essa independência? É aquela declaração imponente e solene de que: povo moçambicano, a terra está livre! Os homens e mulheres estão livres. Agora trata-se de cada homem e de cada mulher, e todos juntos, utilizarmos a terra que é nossa para promovermos o nosso desenvolvimento. Quer dizer, em 25 de Junho de 1975, o povo moçambicano via construída e apresentada ao mundo a árvore sagrada, a árvore da independência nacional”, disse.
Marcelino dos Santos afirmou que os estatutos da Frelimo foram constttuídos olhando-se para a realidade do país, para o guerrilheiro e para o mundo.
O PAÍS ESTÁ BOM
PARA Eduardo Nihia, o país está bom. “Este país está bom. O resto depende de nós. Conseguimos remover um obstáculo grande, que era o colonialismo. Cada um de nós vivia onde havia nascido. Nem sabíamos sair dum canto para o outro, mas hoje fazê-lo do Rovuma ao Maputo. Sentir que é moçambicano em qualquer canto.
Estamos independentes, somos soberanos. A mensagem que temos hoje é de luta contra a pobreza. Valorizar este país é lutar contra a pobreza. E ninguém se pode rir. Nós fomos colonizados. A pobreza começou daí. Hoje, o país é nosso”, disse.
Afirmou que os guerrilheiros da Frente de Libertação de Moçambique tinham a certeza de que a independência nacional era irreversível, um facto. “Tínhamos um slogan que era luta prolongada. Isso é que nos dava força. Hoje somos um povo respeitado no mundo. Não recebemos a independência de bandeja.
Conquistamos a independência. Infelizmente, alguns de nós não chegaram a esta data. Não me sinto arrependido de ter participado na luta contra o colonialismo português”, disse.
FORÇAS ARMADAS PROTEGEM O PAÍS
O MINISTRO DA DEFESA NACIONAL, Filipe Nyussi, disse que as Forças Armadas têm estado a saber proteger o país, a despeito da falta de meios com que se debatem.
“A tarefa que nos é acometida é a defesa da independência e da soberania. Isso está a ser mantido. Com ou sem dificuldades, usando as experiências passadas, o país está a ser assegurado. Na nossa nova realidade, temos que nos actualizar cada vez mais. Temos que nos capacitar cada vez mais para estarmos à altura de novos desafios, novas realidade e ameaças. Temos que nos capacitar para cumprir novas missões”, disse.