A JUSTIÇA sul-africana marcou para 02 de Março a audiência de um antigo dirigente do Fundo de Ajuda à Infância de Nelson Mandela, acusado de ter guardado diamantes da modelo britânica Naomi Campbell, oferecidos pelo antigo presidente da Libéria, Charles Taylor. Jeremy Ratcliffe, acusado de infracção à lei sobre posse de diamantes, recusou fazer qualquer comentário no final de uma breve audiência na quarta-feira passada, perante um tribunal de Joanesburgo. Os problemas de Ratcliffe começaram em Agosto, quando a modelo britânica testemunhou no âmbito do processo por crimes de guerra de Charles Taylor no Tribunal Especial para a Serra Leoa, em Haia.
No tribunal, Campbell afirmou ter recebido diamantes brutos, depois de um jantar de beneficência organizado em 1997, na Cidade do Cabo, pelo então Presidente da África do Sul, Nelson Mandela e no qual participou Charles Taylor.
A manequim alega ter entregue os diamantes de imediato a Jeremy Ratcliffe para servirem para uma causa beneficente. Alguns dias depois deste testemunho, o sul-africano demitiu-se do Fundo de Ajuda à Infância de Nelson Mandela e entregou as pedras preciosas à polícia, admitindo que estiveram na sua posse até àquele momento.
“Decidimos julgar Jeremy Ratcliffe por estarmos convencidos que é uma história séria”, explicou à imprensa o porta-voz do Ministério Público, sul-africano Mthunzi Mhanga, no exterior do Palácio de Justiça, em Joanesburgo.
“Mas o nosso caso não tem nada a ver com o de Haia. É um processo local relacionado com a posse ilegal de diamantes brutos”, esclareceu.
A acusação do Tribunal Especial para a Serra Leoa quer demonstrar que Charles Taylor mentiu quando afirmou nunca ter possuído diamantes brutos. O antigo Presidente da Libéria, de 62 anos, insiste na sua inocência, das 11 acusações de que é alvo por parte do Tribunal Especial para a Serra Leoa, nomeadamente assassínios, violações e recrutamento de crianças soldados durante a guerra civil na Serra Leoa, que causou 120.000 mortos.