Perímetro régio de Gondar, na Etiópia
O viajante europeu que chega à cidade de Gondar ou Gonder (Gônder), na Etiópia, fica maravilhado, e por vezes intrigado, ao encontrar, cerca de 500 km a norte da capital, Addis Abeba (Âddîs Âbebâ), fortificações que lembram castelos medievais de França ou Espanha!
Na realidade, trata-se de um conjunto de monumentos, começado a edificar durante o reinado do imperador Basilides, em meados do século XVII, e localizado em um perímetro régio de 7,7 hectares.
Os arquitectos imperiais inspiraram-se nas fortificações que os Portugueses tinham previamente erguido no país, no âmbito de uma cooperação militar luso-etíope iniciada, do lado português, por uma força dirigida pelo filho do navegador Vasco da Gama, Cristóvão.
A existência de castelos portugueses, ou inspirados pela arquitectura portuguesa, na Etiópia, deve aliás ter influenciado a mente do escritor americano Edgar Rice Burroughs (1875-1950), levando este último a escrever, em 1940, a novela de aventuras, Tarzan e o Louco (só publicada postumamente, em 1964).
O protagonista da narrativa descobre, algures no interior de África, um castelo português, ainda activo e governado por um descendente de Cristóvão da Gama (a fortificação chamava-se, muito apropriadamente, «Alentejo», a terra natal dos Gamas).
A novela em causa é geralmente considerada medíocre, por estar repleta de lugares-comuns e mergulhada em irrealismo, mas, dado o carácter «lusitano» dos monumentos de Gondar, o visitante é quase tentado em pensar que talvez Burroughs pudesse ter alguma razão…