Isto é provocação!!!
- entretanto, o embaixador malawiano em Maputo assegura que o seu país vai procurar resolver as diferenças por via diplomática
Num misto de contundência e moderação, a embaixada malawiana em Maputo acusou esta quinta-feira o governo moçambicano de provocação, em reacção às acusações de navegação dos rios Shire e Zambeze, sem autorização, mas salientou que vai procurar resolver todas as diferenças entre os dois países, pela via diplomática.
Numa conferência de imprensa realizada ontem, o embaixador do Malawi em Moçambique, Martin Kansichi, manifestou incompreensão do seu governo à decisão de mandar reter, há dias, a embarcação que tentava fazer a ligação Beira-Nsanje, e a detenção de quatro indivíduos, dentre os quais, um adido militar, sob alegação de navegação ilegal.
“O Malawi cumpriu todos os procedimentos necessários para a navegação. Temos as licenças e todos os procedimentos de carregamento foram seguidos. Portanto, não é verdade que os procedimentos não foram seguidos. Foram seguidos sim e o que está a acontecer é uma atitude provocatória”, disse aquele diplomata.
A diplomacia malawiana sustentou, exibindo alguns documentos comprovativos, que a navegação e o carregamento realizados na semana finda surgem dentro dos acordos estabelecidos entre os dois países, nomeadamente, a realização de uma viagem experimental e exploratória.
Sempre seguro nos seus documentos, acusou as autoridades nacionais de não terem honrado as suas obrigações.
“Temos acordos e compromissos alcançados no âmbito do projecto de navegabilidade dos rios Shire e Zambeze e não compreendemos algumas atitudes que são tomadas contrariando o que decidimos em discussões como países vizinhos e amigos”, salientou Kansichi.
Realmente, documentos que nos foram facultados pela embaixada malawiana comprovam ter havido autorização da exploração, em regime experimental, da via fluvial usando os rios Shire e Zambeze até ao porto de Nsanje. A autorização, segundo comprovam os documentos, foi concedida pelas Alfandegas de Moçambique e pelo Instituto Nacional da Marinha (INAMAR).
Depois do incidente, as autoridades malawianas dizem ter enviado a Maputo uma delegação ministerial para procurar esclarecimentos. Contra todas as previsões, Moçambique participou no encontro apenas com o Ministro dos
Transportes e Comunicações e do vice-ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação.
Guebuza convidado???
Sobre a ausência de Armando Guebuza na cerimónia de inauguração do porto de Nsanje, que teve lugar semana finda, a embaixada malawiana disse não compreender as razões e assegurou que um convite oficial foi enviado para o
Chefe de Estado moçambicano.
“Nós não podemos convidar Chefes de Estado do Zimbabwe, Tanzânia e Zâmbia e não o fazer para Moçambique, sendo um país directamente parte do projecto que é a razão principal daquele porto”, disse o embaixador reiterando ter sido feito um convite oficial ao PR moçambicano.
Entretanto, Moçambique nega ter recebido o convite referido pelos malawianos. Segundo informações prestadas, dois cidadãos malawianos e um sul-africano continuavam, até ontem, detidos pela polícia moçambicana, em conexão com as detenções ocorridas durante a navegação malawiana, em barcos que transportavam fertilizantes.
Estudos ambientais
A embaixada malawiana garante que não está a ignorar a necessidade da realização de Estudos de Viabilidade e de Impacto Ambiental, tal como exigem as autoridades moçambicanas. Justificam os malawianos de estarem a espera da disponibilização dos USD 3.5 milhões prometidos pelo Banco Africano de
Desenvolvimento (BAD), para o efeito.
O embaixador daquele país salientou, no entanto, que é preciso lembrar que os rios Shire e Zambeze já eram navegados desde os séculos XIX e XX, pelo que, a sua navegabilidade não está em causa.
(William Mapote)
MEDIA FAX – 28.10.2010