O PARTIDO Frelimo e o Congresso Nacional Africano (ANC), da África do Sul, manifestaram ontem, em Maputo, o desejo de aprimorar as suas relações, tendo em vista o objectivo comum de combate à pobreza. O desejo foi expresso pelos respectivos secretários gerais no final de conversações havidas na sede do comité central entre as delegações de ambas forças políticas.
Falando à Imprensa, o Secretário-Geral do partido Frelimo, Filipe Paúnde, disse que as conversações entre as delegações dos dois partidos visaram o reforço das relações históricas e de camaradagem que datam desde os tempos da luta de libertação nacional e contra o ex-regime do “apartheid”.
“Estivemos aqui reunidos com a delegação ao mais alto nível do ANC, dirigida pelo respectivo secretário-geral. Passámos em revista muitos aspectos, nomeadamente o funcionamento dos dois partidos. O ANC é o movimento que libertou a África do Sul do “apartheid” e a FRELIMO também libertou este país do colonialismo português. Temos um passado comum, um presente comum e, seguramente, temos um futuro comum. Hoje estamos numa luta contra a pobreza. Queremos que os nossos dois países triunfem nesta luta, e temos certeza absoluta de que venceremos”, explicou Filipe Paúnde, acrescentando que as conversações havidas também respondem às decisões da última reunião dos secretários gerais dos dois partidos.
Questionado se o futuro comum entre as duas forças políticas no poder, respectivamente em Moçambique e na África do Sul, não poderá ser caracterizado por algumas incompreensões e incertezas dos dois lados, sobretudo tendo em conta que ainda pairam na RAS focos de xenofobia que fazem com que muitos moçambicanos regressem à sua pátria, muitas vezes em condições não deploráveis depois de terem trabalhado e vivido uma vida naquele país vizinho, Filipe Paúnde afirmou que nada há-de desviar a agenda do ANC.
O secretário-geral do partido Frelimo acrescentou que tudo o que está sendo feito pelo Governo do presidente Jacob Zuma visa, justamente, tirar aquele país da pobreza. Disse acreditar que os sul-africanos compreenderão a necessidade de estarem cada vez mais unidos para vencer as dificuldades que ainda existem no país.
Realçou que o futuro que se vislumbra no contexto da cooperação entre os dois partidos é o incremento das relações existentes, quer a nível a nível partidário como governamental.
“Ao nível da SADC há uma cooperação cada vez maior. É justamente isso que os nossos partidos querem que continue”, garantiu.
Por seu turno, o secretário-geral do ANC, Gwede Mantafhe, também enalteceu as relações existentes entre os dois partidos, que datam desde os tempos dos movimentos nacionalistas de libertação e defendeu a necessidade de serem cada vez mais continuadas e preservadas pelas gerações vindouras.
“Devemos partilhar os nossos destinos, estando juntos. Para nós, a Frelimo é muito importante em vários aspectos”, sustentou Gwede Mantafhe, acrescentando, por exemplo, que os moçambicanos que residem e trabalham na África do Sul são um grande contributo ao crescimento económico daquele país.
O secretário-geral do ANC frisou que os trabalhadores moçambicanos na RAS não estão a prestar nenhum favor ao seu país, mas sim a ajudar a traçar um destino comum. Disse que os dois partidos e países trabalham juntos para uma SADC cada vez melhor e lembrou que existem em Moçambique companhias sul-africanas a prestar serviço.
Questionado sobre o que tem sido feito até agora pelo seu partido com vista a travar a onda de xenofobia, afirmou que o fenómeno também fez vítimas muitos cidadãos sul-africanos.
“Onde há pobreza, há conflito. Temos que lidar com o assunto da pobreza de modo a caminharmos para a prosperidade”, recordou, ajuntando que o país está a conseguir lidar com a xenofobia e não pode ser visto como ilha de prosperidade.
O secretário-geral do ANC, que se encontra no país desde quarta-feira, vai visitar hoje a escola central do partido Frelimo, aonde irá proferir uma palestra aos militantes e estudantes locais.