Excerto retirado de minha correspondencia algures na internet...
..."e o GK quando na tropa colonial em Tete informava a seu chefe na "clandestinidade" ..."chefe" que era o jornalista e Poeta José Craveirinha em LM (ca Mpfumo)...só que não era bem "clandestino" como querem fazer crer ...ele tinha acesso a informação por estar na tropa colonial...e retransmitia ao Poeta...na altura o filho do Poeta, o Stélio (ex coacher da Lurdes Mutola), tbm se encontrava em Tete...na tropa colonial... ...mas isso está no livro sobre o Poeta José que tenho pronto...
...a clandestinidade da Frelimo foi desactivada pela Pide e pela contra - inteligencia militar colonial - a clandestinidade nas cidades em Moçambique por falta de capacidade da Frel só restaria com um elemento activo a sério que foi um primo directo de Uria Simango ...o Pedro (mais velho) chegou a infiltrar armas até Inhambane a norte...em Janeiro 1974 preparava-se o inicio da guerra em Inhambane...(era um vaivem entre Beira - Inhambane - Tete e Tanzania)
...e depois acontece o 25 de Abril...
...hoje fala-se de Joanas e de outros que nada fizeram só armaram confusão e esse Pedro Simango (mais velho), foi um Herói com H grande e um dos maiores que Moçambique teve...e esteve preso comigo em Nachingweia por intrigas políticas, etc...etc...foi um dos fundadores da Udenamo e da Frelimo...sairá em breve uma peça minha no jornal sobre ele...um dos verdadeiros Heróis esquecidos...
cordialmente
JC"...
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POst Scriptum: em Moçambique o falecido Poeta José Craveirinha (e família) seriam "perseguidos e vigiados" tbm pela Frelimo na 1ª década da Independencia...seus Poemas banidos dos livros escolares pelo Dep. Trabalho Ideológico do regime...somente graças ao Pres. SM (reconhecido), ele seria "protegido" caso contrário teria ido parar a Niassa ou a Cabo Delgado para ser "reeducado" junto ao dito sobrinho tbm JC (mas João e menor), filho do irmão mais velho e único do Grande Poeta ...como era a vontade de alguns...apesar do poeta José ter tbm João (José João) e vice versa o irmão (João José)...
...José Crav. foi duro crítico da "ditadura do proletariado da Frel" (o Poema das "Tanjarinas" é paradigmático na ironia dolorosa)... mas tbm crítico às atrocidades e o terror da guerra de uma Renamo na ofensiva...o Povo ensanduíchado entre duas forças contrárias e vítima delas na disputa do Poder...
... após a morte de SM seu amigo pessoal anterior à existencia da Frelimo, o Poeta José seria mais contundente contra o liberalismo selvagem da sociedade Moçambicana protagonizada pelo novo regime do multipartidarismo...a atribuição do Prémio Camões seria ignorada pela oficial TVM (no monopólio da TV em Moussam...)a Mafalala organizada pela mamã Teresa Caliano homenageia seu "filho" apesar de não ter nascido lá...mamã Teresa a mãe coragem do 7 de Setembro na resistencia...sua casa (e do marido) sede da resistencia anti - mov. 7 de Setembro 1974...até os ditos democratas da Polana se refugiaram em sua casa apavorados...mais tarde esquecem a sopa que comeram...na Mafalala...entretanto José Crav, líder da clandestinidade de LM manda cozer bandeiras da Frelimo e embandeira toda a estrada
pricipal da Mafalala e os saudosistas coloniais julgam a Mafalala cheia de guerrilheiros vindos de Tanzania...da RCM sede do mov. 7 Setembro é emitido um mandato de captura ou eliminação física do Poeta JC...
(salto no tempo)...Independencia...José C. sem agradar a gregos e a troianos em Moçambique e em Portugal é -lhe paradoxalmente atribuído o maior Prémio literário português - Camões - que o "ressuscita" do gradual esquecimento interno e em Portugal...muito mais tarde a entrevista magoada à portuguesa TSF (rádio) cria um mal estar nos que viam nele um exemplo de nacionalismo...todavia servir-se-ia da TSF para manifestar sua profunda tristeza pela sua própria condição de ser o último dinossauro do pensamento libertário Moçambicano...desenquadrado numa geração que se anulou a si mesma nos seus ideiais...esse era o verdadeiro José Craveirinha...só na sua dimensão independente de Pensador...
JC, o homem que conseguiu o milagre do Presidente da Renamo Afonso Dlakhama (AD) estar presente ao mesmo tempo numa cerimónia oficial de um governo da Frelimo...no Palácio Municipal em Maputo e na Praça dos Heróis nas exéquias de José Craveirinha...nunca antes nem depois acontecido ...mais uma vez, AD, se eleva à estatura de um Homem de Estado esquecendo suas convicções e humilhações de contraditoriamente não reconhecer um governo da Frel...e mesmo sabendo o quanto duramente crítico JC foi contra a Renamo, AD,
esteve lá quando foi preciso...assim como o Pres. Chissano esqueceu as duras críticas à sua pessoa e ao seu governo registadas numa entrevista no semanário Savana contra o regime...dinamiza o proceeso de atribuição ao estatuto de Herói a José C., a ser colocado na
cripta dos Heróis...
...só um homem muito excepcional como JC (mais velho), poderia conseguir tal consenso de uma unidade dos contrários...Renamo versus Frelimo...que no essencial ficaram juntos :- na Moçambicanidade simbolizada na homenagem ao percurso de uma figura...que corre o "risco" de se transformar num mito....
João Craveirinha
(uf...e agora vou entrar de férias)
In MOÇAMBIQUE ONLINE – 12.07.2006