O PRIMEIRO DIA
O dia 24 de Junho de 1975, em Moçambique, estava magnífico. O sol africano brilhava num céu azul, esfarrapado, aqui e ali, por nuvens suaves e brancas. O mar, também ele muito azul, confundia-se, nas lonjuras, com o céu. Uma brisa tépida e a temperatura agradável tornavam a vida confortável. No dia seguinte era a independência de Moçambique e o primeiro dia do Banco de Moçambique (BM), enquanto banco central. Tinha-se feito um óptimo acordo e Moçambique recebia o activo e passivo do BNU no território da antiga colónia. Mas, no início, as coisas não começaram tão bem, porque a delegação do BNU vinha com a peregrina ideia que os trabalhadores do banco em Moçambique se transferiam para o BM e se desvinculavam do BNU. Um tal sistema, num período conturbado como aquele, em que as pessoas tinham escolhas gravíssimas a fazer, quer quanto à nacionalidade quer quanto a continuarem a viver em Moçambique, determinaria o êxodo dos funcionários do banco, a começar pelos mais qualificados; além do que era uma violência pouco democrática transferir o pessoal, sem a sua anuência.
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