José Rosado, investigador independente e colaborador do Museu de História Natural do nosso país (tutelado pela Universidade Eduardo Mondlane) na área da Malacologia, descobriu e descreveu com mais dois especialistas italianos uma nova espécie de molusco marinho, denominado (Echinophoria mozambicana).
O resultado desta descoberta, realizada na província de Inhambane, em águas profundas a mais de 600 metros de profundidade, foi publicado recentemente na revista “Malacologia” (publicação científica da especialidade). Ainda este ano, a expedição “MAINBAZA” (resultante das iniciais de Maputo, Inhambane, Bazaruto, Zambeze), liderada pelo cientista Philippe Bouchet, do Museu de Historia Natural de Paris, desvendou mais uma nova espécie para a ciência.
O novo molusco, então baptizado de Bolma mainbaza (em homenagem ao nome da expedição), foi encontrado a aproximadamente 300 metros de profundidade, no Baixo Almirante, leite a cerca de 120 milhas a este da Ilha da Inhaca.
Estas novas descobertas revelam alguns dos segredos que o nosso mar esconde e contribuem para o conhecimento da biodiversidade que existe no nosso país.
Já em 2008, uma expedição ao monte Mabu, coordenada pelo Kew Royal Botanic Gardens, encontrou três novas espécies de borboletas, uma nova espécie de cobra e uma nova espécie de camaleão. No mesmo ano, outros investigadores deparavam-se com uma nova espécie de peixe que habita os lagos temporários formados na época das chuvas.
O Museu de História Natural, comprometido com o conhecimento e conservação de espécies e ecossistemas de Moçambique, tem apostado fortemente na participação em diferentes projectos de investigação do género, em estreita colaboração com diversos especialistas de centros de investigação de outros países. O elevado ritmo de descoberta de novas espécies no nosso território ressalta a enorme riqueza biológica existente, mas também deixa a descoberto as imensas lacunas de informação.
No Ano Internacional da Biodiversidade estas descobertas obrigam-nos a reflectir sobre a importância da investigação e o longo caminho que ainda está por percorrer no sentido de conhecermos e valorizarmos o nosso património natural. Apesar de a nível mundial apenas se conhecer a existência de dois milhões de espécies de seres vivos, os cientistas estimam que podem existir entre cinco a 30 milhões de espécies. Ou seja, todo um mundo novo para descobrir. E parte dele aqui tão perto.