Garimpeiros estrangeiros invadem áreas agrícolas e semeiam fome nas comunidades, segundo João Afonso Lufiandes, delegado do núcleo provincial de Ciência e Tecnologia em Manica.
Na província de Manica a enorme azáfama pela procura dos recursos minerais está a prejudicar os camponeses locais, que vivem com base no cultivo de terra. Garimpeiros ilegais de diversas nacionalidades, entre guineenses, zimbabweanos, libaneses, nigerianos e somalis, que operam nos distritos de Báruè, Manica, Sussundenga, Macossa e Mussurize, invadem áreas agrícolas à procura de minérios. Este facto é apontado como sendo em parte responsável pela má produção na campanha agrícola 2009-2010. É João Afonso Lufiandes, delegado do núcleo provincial de Ciência e Tecnologia em Manica, quem o diz.
Sem fazer menção às áreas e culturas que terão sido devastadas na sequência da exploração ilegal de minérios, principalmente ouro, o delegado do núcleo provincial de Ciência e Tecnologia afirmou que as metas de produção estabelecidas para o referido período não foram alcançadas, “fundamentalmente devido ao problema do garimpo naquelas regiões”, justificou.
Das 1.847.911,1 toneladas de culturas diversas projectadas para a referida época agrícola, apenas foi possível colher 1.486.107,0 toneladas, sendo o garimpo praticado em campos agrícolas o responsável principal pelo não cumprimento das metas traçadas.
De acordo com a fonte, a invasão dos campos agrícolas pelos garimpeiros estrangeiros ilegais ocorre com maior frequência nas localidades de Chua, Chimesa, Forte Massequesse e Nhancuara, nos postos administrativos de Machipanda e Mavonde, no distrito de Manica, Nhapassa entre os distritos de Macossa e Tambara, Nhamassonge e Mandie, no distrito de Guro, na reserva de Chimanimanie, no distrito de Sussundenga e em Dacata, no distrito de Mussurize.
Lufiandes considera que a exploração desregrada de recursos minerais está a constituir uma autêntica oposição às estratégias concebidas pelo Governo com vista a responder à crise de alimentos que o país enfrenta.
Ainda conforme a mesma fonte, alguns operadores deixaram de produzir hortícolas devido a infestação das suas plantas por produtos nocivos, resultantes da contaminação das águas de rios usadas para lavagem de minerais, as quais foram aplicadas na rega.
O representante do Governo disse que numa visita que fez àquelas zonas consideradas como as mais ocupadas pela actividades de garimpo, deparou-se com túneis de grandes profundidades em alguns campos de produção alimentar.
Apelou para que estes fossem tapados o mais urgente possível, para não colocar em causa os objectivos do Governo, na garantia da suficiência alimentar e na conservação da natureza, e para segurança dos próprios garimpeiros que estão em risco de ver a terra a desabar sobre si, como aliás aconteceu na semana passada em Manica, quando um acidente numa mina a céu aberto matou pelo menos 6 pessoas.
(José Jeco)
CANALMOZ – 23.11.2010