FIRMINO Mucavele, agro-economista, adverte que a estratégia de desenvolvimento económico para o combate da pobreza em Moçambique, não deve deixar de privilegiar a agricultura, devendo, por conseguinte, criar condições para o aumento das áreas irrigadas. Afirmou ainda que as terras sustentáveis devem ser entregues aos produtores, havendo também necessidade do melhoramento da infra-estrutura rural e do acesso aos mercados incluindo os insumos e o financiamento.
Falando ontem, em Maputo, na Conferência Millennium BIM, que este ano decorreu sob o lema “Pobreza e Desenvolvimento Económico – o Caso de Moçambique", Mucavele afirmou que a criação de empresas de serviços de mecanização e comercialização agrária, transporte, serviços de comercialização agrária, seguros agrários, de assistência técnica é fundamental para um desenvolvimento económico sustentável e reduz os custos de produção e as perdas pós-colheita.
O Governo de Moçambique e os doadores têm dispendido recursos consideráveis no desenvolvimento económico e na redução da pobreza. Embora tais esforços tenham levado a melhoria do crescimento económico que nos últimos dez anos foi numa média anual de 8 porcento; uma redução considerável da pobreza, muitos moçambicanos continuam a viver no limiar da pobreza. Os indicadores são alarmantes e o Produto Interno Bruto (PIB) per capita é de cerca de 1,11 dólares norte-americanos; a taxa de alfabetização de adultos é de cerca de 46 porcento e a esperança de vida à nascença é de cerca de 41 anos.
O académico afirmou que entre outros aspectos, concorre para aquela situação o facto do desenvolvimento das infra-estruturas em Moçambique não estar a acontecer no ritmo desejado.
“A sua orientação e sincronização ainda não vai ao encontro dos grandes empreendimentos do desenvolvimento nacional. Os esforços de aumento da produção e da produtividade na agricultura têm sido frustrados pela inabilidade do país em melhorar as estradas, linhas-férreas e marítimas de forma sincronizada para reduzir os custos de transacção”, disse Mucavele.
O agro-economista frisou também que a fraca infra-estrutura das tecnologias de informação e comunicação não permite o acesso aos serviços de telefone, radiodifusão, informática e Internet a preços acessíveis o que faz com que a associação entre a tecnologia, o fornecimento de informação e os mercados seja fraca, contrariamente ao que existe em países como o Quénia, por exemplo.