O GOVERNADOR de Nampula, Felismino Tocoli, admitiu haver uma certa fragilidade do dispositivo de controlo das fronteiras terrestres da província e da região norte do país, facto que, segundo ele, está a estimular a imigração ilegal.
Reagindo à notícia de neutralização recente de um grupo de 141 imigrantes somalis (constituído por homens, mulheres e crianças) na zona de Namaita, um posto administrativo do distrito de Nampula, o governante sugeriu a necessidade de os comandos da Polícia, das províncias de Niassa, Cabo Delgado e Nampula aumentarem a sua capacidade operativa, sob o risco de o quadro atingir o pico da intolerância.
Com efeito, dados do Governo de Nampula e que Tocoli fez questão de partilhar com o nosso Jornal indicam que os somalis, paquistaneses e cidadãos de outras nacionalidades que entram naquela província por via terrestre fazem-no a partir do distrito de Eráti, que faz fronteira com Cabo Delgado, e onde usualmente são interceptados.
Tal mostra que alguma coisa está falhar na província vizinha, uma vez que a “invisibilidade” dos imigrantes ilegais, que praticamente cruzam a província de ponta a ponta, só termina no território nampulense.
São vários os estratagemas usados pelos “agentes” dos imigrantes ilegais para ludibriar a Polícia e as autoridades migratórias da província de Cabo Delgado.
Veja-se que o último grupo interceptado na zona de Namaita fazia-se transportar em dois camiões que circulavam com as carroçarias completamente cobertas de lonas, para fazer parecer que se tratava de carga diversa e não de pessoas.
Pela manobra, que consistia em colocar as pessoas em Manica, um dos motoristas confessou que receberia 60 mil meticais, valor a ser pago por um “patrão” desconhecido.
Uma outra lacuna da lei e que Tocoli defende que tem de ser revista relaciona-se com a situação dos refugiados e requerentes de asilo que, sem autorização e de forma reincidente, abandonam o centro.
A estes devia ser aplicada uma medida particular, que não fosse só a obrigação de recolocá-los no centro - referiu.
No recente registo de refugiados e requerentes de asilo realizado pelo Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e o Instituto de Apoio aos Refugiados (INAR), constatou-se que pelo menos 100 deles, de um universo de mais de cinco mil, tinham abandonado o centro sem autorização e rumado para a capital do país, Maputo.