OS estudantes do Instituto Médio de Fauna e Ecoturismo Armando Emílio Guebuza, em Marrupa, província do Niassa, mostraram o seu cepticismo quanto à sua integração no mercado de emprego após a conclusão dos seus cursos. Esta preocupação foi manifestada à vice-ministra da Educação, Leda Hugo, durante o encerramento do segundo curso desde que aquela instituição de ensino público iniciou as suas funções em 2006, que culminou com a graduação de 31 estudantes, este ano.
A preocupação é sustentada pelo facto de partes dos graduados do primeiro curso ainda se encontrarem sem qualquer pista que os conduza ao mercado de emprego. O Instituto de Fauna e Ecoturismo de Marrupa, o primeiro do género no país, surgiu na sequência de preocupações apresentadas pelas populações ao Presidente da República por ocasião da sua visita de trabalho àquele distrito, em 2004. Nessa altura, as populações queixavam-se da invasão, por animais bravios, das suas machambas, situação até então atribuída à falta de pessoal qualificado para afugentar os animais.
Em resposta, Armando Guebuza, actual patrono da escola, prometeu instalar um instituto que, entre outras coisas, se ocuparia da formação de profissionais para as áreas ecológica, ambiental e turística. Dois anos depois, em 2006, a escola iniciou as suas funções, tendo em vista encontrar alternativas de desenvolvimento que tragam melhorias de qualidade de vida das populações locais, aliadas à preservação do património ambiental e cultural.
A mensagem apresentada pelos graduandos não foi de toda pacífica. Deixou transparecer que a componente planificação não foi acautelada, pois, segundo os estudantes, grande parte dos alunos que fizeram parte da primeira graduação ainda não conseguiu colocação, o que levanta sérias dúvidas quanto à interpretação da intenção do Presidente da República ao colocar um instituto com aquelas características naquele distrito problemático em termos de conflito homem/fauna bravia.
Algumas pessoas ouvidas pela nossa Reportagem não entendem as reais razões que estão por detrás da falta de vagas para os recém-formados em fauna e ecoturismo, tendo em conta que algumas das principais coutadas funcionam no distrito de Marrupa, para além de ser vizinho do centro da Reserva do Niassa, o distrito de Mecula. Estes locais, segundo relatos de populares, apresentam o maior número de casos de conflito Homem/fauna bravia, daí não se entender que apenas dois estudantes do primeiro curso tenham sido aproveitados para fazer parte das duas coutadas de Nungo e Marangira.
As nossas fontes são de opinião de que deve haver durante a formação um trabalho conjunto entre as estruturas da Educação e os operadores turísticos, com vista à integração total dos estudantes nas actividades de gestão ecológica, ambiental e turística.
Volvidos cinco anos, a escola continua a funcionar em instalações emprestadas pelo Ministério da Defesa Nacional, para não falar da falta de meios circulantes para a movimentação dos alunos, material didáctico relacionado com o curso, entre outros constrangimentos.Entretanto, em jeito de reacção às questões apresentadas, Leda Hugo explicou que a conclusão de um ciclo não é sinónimo de emprego, sugerindo, desta forma, o envolvimento de todos os estudantes vinculados numa escola de ensino técnico e profissional em actos ligados ao empreendedorismo.
“O Governo congratula o vosso conhecimento no domínio de saber fazer, saber ser e saber estar e pelo que isso representa para o desenvolvimento dos recursos humanos qualificados do país e particularmente do empreendedorismo que está contido no combate à pobreza, na produção de riqueza e bem-estar social”, disse.
Num outro desenvolvimento, Leda Hugo disse que uma das grandes tarefas dos estudantes ora graduados é a difusão e disseminação dos conhecimentos adquiridos durante os três anos de formação.
Nota de realce neste segundo curso é o facto de o número de mulheres que se interessam pelo instituto estar a crescer progressivamente, com destaque para a província de Inhambane, que desde o início ocupou a segunda posição, a seguir de Niassa, em termos do número de alunos.
No final da cerimónia de graduação, o Ministério da Educação concedeu bolsas de estudo aos cinco melhores alunos do curso, lugares que serão ocupados depois de concorrer e passar nos exames de admissão.
- André Jonas