O sector produtivo moçambicano enfrenta uma das estruturas de custos mais elevadas a nível dos países da Comunidade do Desenvolvimento da África Austral (SADC), retirando-lhe, consequentemente competitividade.
Segundo o presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), que falava ontem no decurso da XII Conferência Anual do Sector Privado, envolvendo empresários, produtores, associações económicas, para inverter o cenário é necessário reformular as políticas e regulamentos para melhorar o ambiente de negócios e conferir maior confiança no País.
Citando os indicadores do “Doing Business”, Salimo Abdula disse que ao invés de se operar uma reforma por ano, dever-se-ia efectuar “quatro ou mais reformas, para dar um salto qualitativo no raking e posicionar o país nos lugares cimeiros, além de reduzir os custos de produção e de transacção que contribuem para a baixa competitividade dos produtos moçambicanos”.
O presidente da CTA considera que a estratégia para o aumento da produção, produtividade e competitividade deve levar em conta as vantagens comparativas e potencialidades do país com vista ao seu posicionamento nos mercados regional e internacional.
“A promoção da produção e produtividade deve ser orientada para três sectores fundamentais, nomeadamente agro-negócio, indústria e comércio e turismo’’, disse.
Produção industrial é fraca
Salimo Abdula afirmou depois que o sector da indústria é caracterizado pela extracção e exportação de recursos naturais sem acrescentar valor em termos de processamento e produção de bens manufacturados, isto apesar do seu potencial.
Indicou que a Associação Industrial de Moçambique, concluiu que a produção e competitividade industrial em Moçambique são baixas. “O país precisa de introduzir na sua estrutura economica-industrial, mudanças tecnológicas com impacto no processo produtivo, económico e social’’, concluiu a este respeito.
“A nossa revolução deve assentar na inovação tecnológica, pesquisa, desenvolvimento e certificação bem como na geração de economias de escala”, disse o presidente do CTA desafiando a indústria nacional a mudar do actual paradigma de produção.
O sector turístico também não escapa das deficiências da economia nacional.
Quanto ao sector do turismo, o presidente do CTA disse que o país goza de enorme e diversificado potencial turístico que com investimentos, pode ser transformado num dos maiores e mais importantes destinos turísticos da região e do continente.
Anotou que, por outro lado, o quadro legal-regulatório é bastante bom, pois defende um turismo sustentável e responsável, respeitando os valores culturais nacionais.
Reconheceu que apesar deste quadro encorajador, o sector turístico também se ressente das ineficiências da economia moçambicana, baixa qualidade da mão-de-obra, deficiente sistema logístico, existência de práticas e procedimentos contrários à promoção do turismo nos pontos de entrada, portos, aeroportos e fronteiras, e também na movimentação de pessoas e bens nas estradas moçambicanas.
(Cláudio Saúte)
CANALMOZ – 24.11.2010