From: Jekyl Hide
Sent: Monday, July 10, 2006 11:18 AM
Subject: RE: [mocambiqueonline] sobre as "Tanjarinas" (Tanjarina é como é) e achega sobre o "irmão" Gulamo Khan
Queridos Compatriotas,
Em anterior mensagem questionei a alguém que se apresentou como próximo de Gulamo Khan se sabia mais sobre a sua participação na luta de libertação nacional. Pelo seu silêncio posso concluir que a tal pessoa já não tem mais nada a falar. Mas como o que se disse anteriormente foi muito pouco vou eu continuar a falar e aproveitar este fórum para dar a conhecer um dos aspectos mais importantes da vida deste nosso grande compatriota que deveria constar na história de Moçambique.
Antes de começar convém avisar que desta vez não vou questionar a ninguém que tipo de pessoas são essas que se dizem “irmãos” do Gulamo mas que não o sabem proteger como fez Samora Machel que o levou para trabalhar consigo, livrando-o das terríveis atitudes do já falecido Director homofobo, na RM. Ou, como fez José Craveirinha, o nosso poeta-mor, que não se esqueceu de deixar em “testamento” quem
Mas permitam-me perguntar o que seria de nós Gays se não fossem os Samoras Macheles ou Josés (não os Joões) Craveirinhas da vida de cada um, esses nossos irmãos e heteros ferrenhos (ferrenho aqui abrange irmão e hetero), anjos da guarda que aparecem para nos proteger dos homofobos, essa gente preconceituosa que não quer pensar que Gays também são gente? Gays que são nossos irmãos, primos, tios ou amigos! E paremos com as lágrimas de crocodilo para que possamos ouvir o resto da história.
A 10 de Julho de 1973, o TIMES publicou um artigo na 1ª página, da autoria do Reverendo Adrian Hastings, do College of Ascension, Birmingham, contendo a descrição pormenorizada de um massacre praticado pela 6ª Companhia de Comandos, em 16 de Dezembro de 1972, na aldeia de Wiryamu, no então Distrito de Tete. Segundo aquele artigo que correu mundo teriam sido massacradas 400 pessoas, incluindo mulheres e crianças. Outros massacres semelhantes teriam acontecido em Mocumbura, também em Tete.
Este artigo teve forte impacto mundial e provocou graves embaraços diplomáticos ao governo colonial português que procurou sempre escamotear a verdade. Na sequência desse artigo Marcelo Caetano chegou a ser vaiado por manifestantes quando no mesmo ano chegou a Londres em visita de Estado.
O referido artigo baseou-se num relatório elaborado por Padres Espanhóis. Mas como os Padres Espanhóis tiveram conhecimento do ocorrido?
Vou partilhar convosco uma informação que uma vez ouvi e gostaria de confirmar, se houver alguém que o possa fazer. Do que me consta, e deixo aqui o repto para que me corrijam se estiver errado, foram dois moçambicanos que transportaram as provas sobre o massacre de Wiryamu fornecidas por alguém do exército português e as fizeram chegar aos Padres Espanhóis. Uma das pessoas ainda está viva e espero que ela se manifeste, porque merece. A outra pessoa que colaborou para a denúncia deste acto bárbaro foi Gulamo Khan.
Tomando em conta o que acabo de contar considero bastante redutor quando alguém aparece a dizer que a razão principal da protecção que Samora Machel dava ao Gulamo Khan foi o facto de Samora Machel e o pai do Gulamo terem sido grandes companheiros de discoteca (numa linguagem mais recente) antes do falecido Presidente de Moçambique ter ido para a luta armada.
A serem verdade os factos que apontei, havia uma razão muito mais forte que terá levado Samora Machel a não se preocupar com aspectos da vida privada do seu colaborador e que toda a gente conhecia: Gulamo Khan foi antigo combatente na clandestinidade, na luta de libertação nacional.
E se houver alguém que saiba mais sobre as boas coisas feitas pelo Gulamo Khan durante a sua vida, é a melhor altura para as revelar. Estamos nos século 21, esta é a altura de resgatar esta figura tão importante no panorama nacional e que até agora tem permanecido tão “hide”. Os seus amigos o que têm a dizer?