Independentemente da conclusão da Nova Constituição
Ao nível da liderança assiste-se a uma falta de consenso. Enquanto, Robert Mugabe defende a realização de eleições em fins de Junho, Morgan Tsvangirai diz que ainda não existem condições para o efeito.
A União Nacional Africana do Zimbabwe – Frente Patriótica (ZANU-PF) – disse que as eleições com vista à substituição do actual governo de coligação terão lugar em Junho próximo, independentemente do estágio em que estiver o processo de elaboração da nova Constituição. “A nossa posição é muito clara, as eleições serão realizadas no próximo ano antes ou depois de Junho, não interessa se o processo de elaboração da nova Constituição tenha sido terminado ou não”, disse o porta-voz da ZANU-PF, Rugare Gumbo, à AFP logo após o encontro do órgão supremo no processo de tomada de decisão do partido. Segundo acrescentou a mesma fonte, “estamos a dizer que se a oposição continuar difícil e a adiar o processo de elaboração da Nova Constituição, nós vamos continuar com as eleições”.
Estas afirmações do porta-voz da ZANU-PF seguem-se à advertência do embaixador britânico para o Zimbabwe, Mark Canning, de que a realização de eleições prematuras naquele país da África Austral arrisca-se a transformar-se numa repetição da violência assistida há dois anos. As eleições do próximo ano fazem parte de um conjunto de medidas integradas no Acordo Político Global (APG), este que fora firmado entre as três principais forças políticas do país no fim das negociações que se seguiram à violência pós-eleitoral. Afirma-se que cerca de 200 apoiantes do Movimento para a Mudança Democrática (MDC) de Morgan Tsvangirai perderam a vida durante os meses de violência e outros milhares abandonaram o Zimbabwe para os países vizinhos.
O PAÍS – 29.11.2010