O PRESIDENTE da África do Sul chegou ontem ao Zimbabwe para encontros com os dois principais líderes políticos do país que se debatem com divergências de fundo em torno de um acordo de partilha do poder.
Jacob Zuma, que tem assumido o papel de mediador do processo político do Zimbabwe, reuniu-se ainda ontem com o presidente Robert Mugabe e com o Primeiro-Ministro Morgan Tsvangirai, líder do Movimento para a Mudança Democrática (MDC), que acusa Mugabe de nomear diplomatas e governadores provinciais à revelia do Acordo Político Global (APG), que deu origem ao actual Governo de unidade nacional e que prevê que tais nomeações deverão ser feitas por consenso entre o presidente e o seu partido (a ZANU-PF) e o MDC de Tsvangirai.
Morgan Tsvangirai apelou esta semana ao Tribunal Superior de Harare para que declare nulas as nomeações de vários governadores provinciais por incumprimento do acordo, mas analistas duvidam de que o aparelho judicial dê razão ao primeiro-ministro.
Jacob Zuma, que herdou do seu antecessor, Thabo Mbeki, a mediação do processo que pretende conduzir a eleições livres e justas no Zimbabwe, encontrou-se com os parceiros de coligação zimbabueanos na cimeira da SADC da semana passada na capital do Botswana, Gaberone, e deve ter pedido ontem, a ambos relatórios detalhados sobre a marcha do processo.
Fonte do MDC em Harare disse à agência LUSA que o movimento levanta sérias questões sobre recentes declarações de Robert Mugabe, segundo as quais as eleições gerais deverão realizar-se “em meados de 2011”. A mesma fonte, que pediu o anonimato “para não por em causa a missão de Zuma”, acrescentou que o MDC nunca aceitará eleições “à maneira de Mugabe”, sem que seja primeiro aprovada uma nova Constituição, conforme prevê o Acordo Político Global.