A possível entrada da estatal brasileira na petrolífera portuguesa poderá ser dificultada pela Sonangol e Isabel dos Santos, que têm presença indirecta na Galp.
Os investidores angolanos da petrolífera portuguesa Galp Energia "ameaçam vetar" a mudança da estrutura accionista da Galp, que passa pela saída da italiana Eni e pela entrada da brasileira Petrobras. Esta situação poderá acontecer "caso os seus interesses não sejam registados", afirmou ao "Jornal de Negócios" fonte ligada à Esperanza.
Segundo a edição de hoje do "Jornal de Negócios", a Esperanza enviou ao empresário português uma série de pareceres jurídicos de escritórios de advogados internacionais - entre os quais se contam a Clifford Chance, um dos maiores do mundo -, onde se sustenta que o acordo parassocial em vigor na Amorim Energia obriga a que exista um acordo prévio entre os dois accionistas para a tomada de decisões em matérias relativas aos accionistas e à "governance" da Galp.
No entender dos angolanos, a entrada da Petrobras só pode ser feita com o seu aval. Esta posição foi comunicada por carta à Eni, Caixa Geral de Depósitos e Petrobras, de acordo com a mesma fonte.
O relacionamento entre os vários accionistas da Galp tem sido um foco de tensão crescente à medida que se aproxima uma data crítica na vida da empresa. O acordo parassocial da Galp, assinado no final de 2005 entre a Amorim Energia, Eni e Caixa Geral de Depósitos, prevê que a partir de 1 de janeiro de 2011 aqueles accionistas possam vender as suas participações, desde que o façam em bloco, algo que até agora não era permitido.
A instabilidade accionista na Galp é assinalada também pelo "Diário Económico", que esta quarta-feira dá conta de esforços desenvolvidos pelo governo português para tentar prorrogar o período de bloqueio das participações, de modo a evitar que a petrolífera portuguesa fique vulnerável a ataques hostis do mercado pelas posições de 33,34% da Eni e da Amorim Energia.
O objectivo do Executivo português é ganhar tempo para encontrar uma solução que sirva os interesses nacionais. "No entanto, a menos de três dias para o fim deste prazo formal, a iniciativa - que está a ser conduzida pelo advogado e ex-ministro socialista António Vitorino -, ainda não surtiu qualquer efeito", escreve o "Diário Económico".
PORTUGAL DIGITAL – 29.12.2010