A Assembleia da República (AR), o parlamento moçambicano, rejeitou ontem o projecto de lei de amnistia.
Este projecto é da autoria da bancada parlamentar da Renamo, o maior partido da oposição, que diz que desde o Acordo Geral de Paz (AGP), em 1992, que a AR não decreta nenhuma amnistia ou perdão de penas.
“As cadeias estão repletas de indivíduos condenados a menos de cinco anos de prisão por prática de crimes não violentos”, disse Saimone Macuaiane, da Renamo.
Nesta proposta rejeitada pelo voto maioritário da Frelimo, pois o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) se absteve, a Renamo sustenta que é tempo de o Estado moçambicano mostrar a sua face de humanismo e justiça social, sem que com a lei de amnistia se pretenda abrandar o combate ao crime.
A Frelimo diz que não podia votar a favor de um projecto que omitiu as implicações orçamentais ao referir que o mesmo não acarreta despesas públicas.
A Deputada Virgínia Matabele, da Frelimo, disse que, na realidade, verificou que o projecto contém implicações orçamentais referentes ao estudo, a inserção social e ao transporte dos possíveis amnistiados ou perdoados.
Matabele indicou que a Renamo requer a aprovação de uma lei de amnistia mas que o articulado do projecto trata de perdão de penas, o que demonstra falta de conhecimento do que se pretende.
Segundo Matabele, a bancada da Frelimo acolhe a sugestão da Comissão dos Assuntos Constitucionais, Direitos Humanos e de Legalidade que recomenda, ao plenário da AR, para fazer uso dos mecanismos apropriados e recomendar ao Chefe do Estado, Armando Guebuza, para que no seu alto poder discricionário passe a fazer uso periodicamente das prerrogativas constitucionais referentes ao indulto e comutação de penas.
Agostinho Ussore, do MDM, defendeu a posição da sua bancada, afirmando que o proponente não enquadrou a proposta.
RM/AIM – 23.12.2010