HÁ muita inércia e nepotismo em Moma, província de Nampula, segundo constatou recentemente o governador Felismino Tocoli, no decurso de uma visita de trabalho ao distrito.
A população local denunciou casos de cobranças ilícitas e mau atendimento pelos funcionários da Saúde incluindo pessoal de enfermagem, desinformação em torno da origem das doenças endémicas, entre outros males.
Num dos encontros populares que orientou em Moma, uma mulher de nome Catarinha Adamugy, disse que “quando recorremos à maternidade para vacinar os nossos bebés, incluindo a nós mesmas, as enfermeiras usam termos pejorativos alegadamente por nos termos demorado a recorrer à maternidade para recebermos assistência pós-parto”.
Num dos povoados do distrito, a população pediu para que o Governo expanda os serviços de Saúde para fora das sedes distritais, de modo a poupar aos cidadãos das longas distâncias que actualmente percorrem para beneficiar de assistência médica e medicamentosa.
O governador provincial mostrou-se contrariado com as denúncias populares e acusou os dirigentes do distrito de apatia e falta de diálogo com as populações.
Para o governador Felismino Tocoli, há prevalência de fenómenos que emperram ao desenvolvimento. “Se as comunidades lamentam perante o governador é sinónimo da falta de diálogo entre as autoridades governamentais e as populações locais”.
No fim da visita de dois dias ao distrito de Moma, o governador orientou um encontro popular no posto administrativo-sede de Mucuali, onde as queixas contra o Executivo distrital não faltaram. António Madeira, agente económico usou da palavra para denunciar que o Governo de Moma se recusa a liquidar uma dívida estimada em 210 mil meticais. Parte da dívida resulta do fornecimento de bens alimentares ao sector da Saúde, efectuado há mais de dois anos.
O comerciante alegou ter optado por abordar o assunto no encontro “porque já não existe ambiente favorável ao diálogo com o administrador Daniel José Ramos, que não apresenta nenhuma medida alternativa para o saneamento da dívida que me causa prejuízos incalculáveis”.
Em resposta o governador ordenou que a dívida fosse liquidada.
De referir que durante a última visita de trabalho realizada pelo Presidente da República, Armando Guebuza, em Maio último, Daniel José Ramos, foi indiciado de desvio da parte de um montante do Fundo de Desenvolvimento de Iniciativas Locais, vulgo sete milhões de meticais, valor esse que devia beneficiar a uma associação local de produtores agrícolas. Na ocasião, o Chefe do Estado mandou verificar a veracidade dos factos para a tomada de medidas pertinentes.
Porém, até a esta parte nada foi tornado público sobre as diligências realizadas de modo a se apurar a veracidade das acusações populares.
- LUÍS NORBERTO