JOÃO MANUEL ROCHA
O ex-chefe de Estado-Maior das Forças Armadas da Guiné-Bissau, Zamora Induta, afastado do cargo e detido a 1 de Abril por militares golpistas, foi libertado da cadeia, mas não tem "liberdade de movimentos".
Seis outros oficiais foram também soltos: o coronel Samba Djaló, detido também desde Abril, e cinco militares presos desde 2009, acusados do atentado que matou outro antigo chefe de Estado-Maior: o general Tagmé Na Waie, um rival do antigo Presidente João Bernardo "Nino" Vieira.
"Fui libertado ontem à noite, por ordem do Estado-Maior, por indicação do Presidente da República e do Governo", disse Induta à AFP quinta-feira. "Estou em minha casa em Bissau, estou bem", acrescentou o almirante, que passou os últimos meses na prisão militar de Mansoa, Norte de Bissau. Fonte militar referiu no entanto que o antigo chefe militar está com "residência vigiada" e não tem "liberdade de movimentos".
A saída da prisão ocorreu dois dias depois de a Comissão Europeia ter ameaçado suspender a cooperação com Bissau e exigido "o fim das detenções ilegais e da impunidade". Fonte do Estado-Maior disse que a libertação "não foi decidida sob pressão", mas "a título puramente humanitário".
Induta foi detido por militares liderados pelo general António Indjai, num golpe que devolveu a liberdade ao almirante Bubo na Tchuto - considerado pelos EUA um narcotraficante, e que se encontrava refugiado nas instalações da ONU em Bissau. O primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, chegou, a 1 de Abril, a estar detido e a ser ameaçado de morte. Mais tarde, Indjai fez-se nomear chefe de Estado-Maior e Na Tchuto foi recolocado na chefia da Armada, de que fora afastado em 2008.
Um dos militares acusados da morte de Tagmé Na Waie em 2009 - horas antes de "Nino" ter sido também morto - e agora libertados da base aérea de Bissau é, segundo a AFP, o general Manuel Melcíades Fernandes, antigo chefe de Estado-maior da Força Aérea.
PÚBLICO – 24.12.2010