O vice-presidente do Comité Científico do Projecto da Unesco "Rota de Escravos", Simão Souindoula, vai participar de 10 a 31 deste mês, no Festival Mundial das Artes Negras a realizar-se em Dakar (Senegal).
O especialista angolano faz parte da equipa que elaborou a argumentação do festival, e, de acordo com uma nota de imprensa chegada à Angop, dará o seu contributo em várias actividades, com destaque para os trabalhos do “Fórum que identificará as bases históricas, linguísticas e antropologia da Renascença Africana”.
O festival vai apreciar a teoria da melanodermalidade dos antigos egípcios, a grande tese defendida pelo antropólogo senegalês, Cheick Anta Diop, a remanência da força da resistência dos povos do Níger, o decisivo aporte dos “Danados da Terra” a ciência e as técnicas aplicadas, a actual distribuição das diáspora negra nas Américas, Ásia, nas Caraíbas e na Europa, a sua importância demográfica, a situação socioeconómica, o peso político e a influência religiosa e artística.
Simão Souindoula vai falar, numa conferência na Universidade Cheick Anta Diop, sobre o tema “ Sítios e instituições de memórias do mundo negro e Direitos do Homem”.
Durante o festival, o vice-presidente do Comité da ”Rota de Escravos” manterá um encontro com o Conservador da Casa de Escravos de Goree, com objectivo de estabelecer uma rede de ilhas adjacentes ligadas ao tráfico de madeira de ébano.
Esta estrutura integrará lugares turísticos como as Ilhas de Goree, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Annobon, Moçambique e a península angolana de Mussulo, cuja vertente ligada ao “Captive Passage” está a ser revalorizada no quadro a iniciativa Triangula Kanawa.
Simão Souindoula examinará igualmente, na capital senegalesa, com a antropóloga Sheila Walker, presidente da organização Afrodiaspora, baseada em Washington, o avanço dos inéditos trabalhos de aproximação genética, por ADN, entre os angolanos e os afro-americanos.
Esta investigação biológica está a ser empreendida pelo laboratório da Family Tree DNA World, com sede em Houston, no Texas, contando com o apoio do Triângulo de Luanda Sul.
Para além de debates, o evento tem ainda em agenda a promoção de expressões culturais e artísticas do mundo negro, entre os quais músicas e ginástica, de autoria do brasileiro Carlinhos Brown, da beninense Angelique Kidjo, dos senegaleses Doudou Ndiaye Rose e Youssou Ndour e o grupo sul-africano Mahotella Quens.
Simão Souindoula foi comissário da Bienal da Arte Bantu Contemporânea do CICIBA, Presidente do Júri das três últimas edições do concurso Ensarte, membro do corpo de júri da XIII edição do Festival da Canção de Luanda.
ANGOP – 10.12.2010