O PRESIDENTE zimbabueano, Robert Mugabe, declarou ontem não querer continuar a partilhar o poder com a ex-oposição e ameaçou apoderar-se de empresas estrangeiras se não forem levantadas as sanções ocidentais contra si e os seus colaboradores. “Não podemos – disse na abertura do congresso do seu partido – aceitar continuar o acordo político global”, o governo de união nacional (GUN), formado em Fevereiro de 2009 sob pressão internacional, entre Mugabe e o seu rival Morgan Tsvangirai, que se tornou primeiro-ministro. “Aceitámos colaborar (…) para ter um compromisso que nos permitisse estar incluídos, estabelecer a paz, a estabilidade política e agora alguns ‘arrastam os pés’”, disse perante mais de 4000 delegados da União Nacional Africana do Zimbabué – Frente Patriótica (ZANU-PF).
O Chefe de Estado, no poder desde a independência do país em 1980, ameaçou apoderar-se das empresas britânicas e norte-americanas no país se as sanções contra si e o seu círculo próximo não forem levantadas.
“Porque é que devemos continuar a ter 400 empresas britânicas que operam aqui com toda a liberdade? Por que devemos continuar a ter empresas e organizações que são apoiadas pelo Reino Unido e pelos Estados Unidos sem retorquir?”, questionou, citado pela agência LUSA. “Chegou o tempo de nos vingarmos. Uma forma de afirmar o nosso poder é usar a lei da ‘indigenização’ (…) Podemos ordenar o arresto de 51 porcento (do capital das empresas estrangeiras como a lei autoriza) e se as sanções continuarem apoderar-nos-emos de 100 porcento”, advertiu.
O Presidente Robert Mugabe e muitos dos seus colaboradores mais próximos estão impedidos de viajar e os seus bens estão congelados desde 2002 pela União Europeia e pelos Estados Unidos, devido a alegadas violações dos direitos humanos e das liberdades fundamentais.
Durante esta conferência de dois dias em Mutare, a ZANU-PF deve marcar a data das eleições de 2011 e apoiar a candidatura do mais velho líder africano, de 86 anos, à sua reeleição.