A ONU disse estar confiante na manutenção de um clima de entendimento após o histórico referendo que terá lugar no próximo mês no sul do Sudão, que ditará a divisão entre o norte muçulmano e o sul cristão. “O recenseamento correu muito bem” e existe confiança no sul e no norte em relação ao referendo, disse à agência LUSA António Monteiro, um dos membros do painel da ONU que supervisiona o processo.
“Os perigos são muitos, mas estou confiante que os sudaneses consigam manter, com a ajuda da comunidade internacional, este ambiente de entendimento”, adiantou.
Entre nove e 15 de Janeiro os sudaneses do sul vão dizer se querem a separação da região ou a unidade com o norte. Mas são poucos os que não apostam na independência.
Enquanto se prepara a votação, o Partido do Congresso Nacional, do presidente al-Bashir, e o Governo semi-autónomo do sul, dirigido por Salva Kiir, do Movimento Popular de Libertação do Sudão, negoceiam as questões-chave com mediação da União Africana.
O acordo relativo à divisão das receitas petrolíferas é dos mais importantes. Cerca de 80 por cento das reservas do Sudão estão no sul, mas o norte tem o oleoduto para exportar o petróleo. Além disso, o orçamento do Governo semi-autónomo do sul depende em 98 por cento dos direitos de exploração do petróleo, que é a primeira fonte de divisas para o governo sudanês, pelo que as duas partes teriam a ganhar com a continuação da partilha da riqueza do petróleo, mesmo com uma provável secessão do país.
Na agenda das negociações está ainda Abyei, região situada entre o norte e o sul do Sudão e reclamada por ambas as partes, que devia também pronunciar-se em Janeiro sobre o lado a que deseja pertencer.
Os resultados definitivos do referendo, cuja validade exige uma taxa de participação de 60 porcento, são esperados a partir do final de Janeiro.