GOVERNO: susceptíveis de prejudicar a dinâmica das relações internacionais “.
Em comunicado mandado distribuir pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e cooperação (MNEC), o Governo de Moçambique desmentiu com veemência as informações tornadas públicas pelo Wikileaks.
“Essas informações não têm qualquer base de sustentação e atentam contra a imagem, o prestígio e o bom nome do estado moçambicano e dos seus dirigentes. São susceptíveis de prejudicar a dinâmica das relações internacionais “.
O governo reafirma o seu cometimento na prevenção e combate a actos ilícitos, que constituem obstáculos à sua agenda nacional de luta contra a pobreza, e mantém o seu cometimento na promoção das boas relações de amizade, solidariedade e cooperação com todos os estados.
MANUEL TOMÉ: dá para rir
Em declarações à Agência de Informação de Moçambique (AIM), Manuel Tomé, antigo secretário-geral da Frelimo, tido como tendo laços familiares com Chissano, o qual teria recebido pagamentos do grupo MBS, disse que quando leu os telegramas sentiu uma grande vontade de rir, por causa das absurdas alegações. “Eu não faço coisas do género. Eu não recebo comissões ou subornos”, disse Tomé.
Sobre a alegada familiaridade entre Chissano e Tomé, refira-se que o ex-presidente moçambicano nasceu na Província de Gaza, sul de Moçambique. Tomé, por seu turno pertence a um grupo étnico da Província central de Manica.
GHULAM RASSUL MOTI: por amor de Deus
O empresário Ghulam Rassul Moti, baseado em Nampula, também distanciou-se da suposta ligação ao narcotráfico.
Moti desmentiu “absolutamente” as notícias, afirmando “não estar preocupado” com as informações divulgadas pelo portal daquela organização.
“Nunca tive um trabalho destes. Nem estou preocupado com isso”, mas “um negócio com o chefe de Estado era bom.
Por amor de Deus! Quem não gostaria de ter um negócio com o chefe de Estado”, disse à Lusa.
Ghulam Rassul Moti está radicado em Nampula, onde desenvolve oficialmente actividades ligadas aos transportes, prestação de serviços, aluguer de carros, comércio e indústria.
CASTRO NAMUACA: nunca tive relações de corrupção
Castro Sanfins Namuaca, presidente do Conselho Municipal de Nampula, negou qualquer tipo de ligações com o empresário Ghulam Rassul Moti.
Namuaca é citado nos telegramas publicados pela Wikileaks como sendo uma das figuras que recebia suborno para facilitar a passagem de droga do conhecido empresário Ghulam Rassul Moti. Segundo os telegramas, Moti a dado momento reduziu grandemente os subornos que vinha fazendo às autoridades municipais de Nacala e de Nampula e passou a fazer esses pagamentos directamente a membros seniores da Frelimo. De acordo com as notas diplomáticas, Namuaca ficou particularmente irritado com o facto dos pagamentos mensais terem sido transferidos directamente para líderes da Frelimo a um nível mais alto.
“Nunca tive relações de corrupção com Moti e, não sei nada sobre caso de traficantes nesta cidade. Esses americanos querem me meter num assunto que não conheço e nunca quis me envolver em assuntos desses. Nunca recebi subornos”, frisou.
TIVANE: difícil comentar percepções
O director-geral das Alfândegas de Moçambique, Domingos Tivane, manifestou-se “surpreendido” com as informações divulgadas pelo «site» Wikileaks, que o apontam como um dos “actores chave” na aceitação de subornos para a FRELIMO.
“É difícil fazer comentários de percepções Se ele (Todd Chapman) puder mostrar as tais empresas, então apresente os nomes”, contudo, não vou responder a opiniões, com o devido respeito”, concluiu.
O correio diplomático norte-americano precisa que o chefe da Alfândega de Moçambique é conhecido por “pedir e receber abertamente luvas dos importadores”.
DHLAKAMA: Guebuza deve explicar-se
O líder da Renamo, o maior partido da oposição em Moçambique, Afonso Dhlakama, disse que o Presidente da República, Armando Guebuza, e o seu antecessor, Joaquim Chissano, devem vir publicamente explicar ao povo moçambicano as informações confidenciais internas que a respeito de ambos, foram enviadas pelos serviços da embaixada americana em Maputo para o governo de Washington, e tornadas públicas pelo site da Wikileaks. Ao contrário de Chissano, Guebuza ainda não fez qualquer declaração pública. Na óptica de Dhlakama, citado pelo Canalmoz, a informação da embaixada americana em Maputo, em nada tem que ver com a propaganda contra a Frelimo ou quem quer que seja. “Isto não é uma questão de propaganda para manchar a imagem de Guebuza ou de Chissano. São coisas concretas”, referiu e acrescentou: “Eu como líder, como político, conheço estas coisas. Apenas convido ao ex-chefe de Estado, Joaquim Chissano, e o actual presidente, a virem ao público dizer ao povo o que sabem a cerca disso”. Para Dhlakama
Guebuza devia renunciar o cargo. “Isto é grave. Numa situação destas ao se confirmar em qualquer país do mundo, Guebuza é imediatamente demitido, nem é preciso fazer pressão porque já não tem cara. Isto é diferente de roubar votos e proclamar-se presidente e governar à força, porque o problema é da imagem, em todo o mundo, do povo moçambicano”, disse Dhlakama.
INSITEC: é ridículo
A Insitec, holding dirigida por Celso Correia, reagiu também com surpresa aos telegramas confidenciais norteamericanos publicados pela Wikileaks, afirmando que “os alegados telegramas diplomáticos são infundados e não correspondem à verdade dos factos” pelo que as “desmente e repudia, de forma peremptória”.
Sobre a participação no BCI, a Insitec explica que adquiriu as suas acções naquela instituição bancária através de aquisição da participação detida por cerca de 200 accionistas moçambicanos.
Sublinha que os outros accionistas do BCI (dois bancos Portugueses) não venderam, transmitiram ou transferiram qualquer acção para a Insitec.
Recorde-se que antes da entrada da Insitec no BCI, aquele banco era detido maioritariamente pela Caixa Geral de Depósito (CGD) com 42%, BPI (30%) e SCI, holding liderado por Magid Osman (28%). Depois de aturadas negociações (amplamente cobertas por este semanário) entre a Insitec e SCI para a compra das acções deste Grupo, em 2007, a holding de Osman cedeu 19% ao Grupo de Correia e o remanescente a CGD que passou a deter 51%, contra 30% do BPI e 19% da Insitec. Celso Correia foi indicado PCA pelos accionistas e Ibrahim Ibrahim, Presidente da Comissão Executiva.
CDN
Sobre o Corredor de Nacala, a Insitec lembra que adquiriu, em 2008, 51% na SDCN (Sociedade de Desenvolvimento do Corredor de Nacala) empresa que detêm a maioria do capital da CDN, concessionária do Porto de Nacala. Dos 51%, 45% foram adquiridos a RDC e a EDLOW, duas empresas norte-americanas e os restantes 6% a NCI de Fernando Couto. Os 51% detidos pela Insitec foram há dois meses adquiridos pela Vale, empresa que antes já tinha um acordo de parceria com o Grupo de Correia para o desenvolvimento do projecto Nacala XXI. Os remanescentes 49% no SDCN são actualmente detidos por um grupo de moçambicanos liderados pelo General Alberto Chipande a quem a história oficial atribui a autoria do primeiro tiro no desencadeamento da luta pela independência nacional.
A gestão do Porto de Nacala pertence à CDN, desde 2004 até à data. No comunicado, a Insitec faz notar que a motivação da entrada do Grupo no Corredor de Nacala prende-se com a visão de transformar aquela infra-estrutura numa via de escoamento do grande potencial mineral do país e numa alavanca de desenvolvimento agro-industrial da região.
“No seguimento deste posicionamento e ainda em 2008, a Insitec firmou um acordo de parceria com uma das maiores empresas mineradoras do mundo (Vale) para o desenvolvimento de infra-estruturas logísticas no país. Posteriormente foi feita a assinatura pública, em Outubro de 2009, de um Acordo de Princípios entre o Governo de Moçambique, a Insitec e esta empresa, para o desenvolvimento dessa infra-estrutura”, sublinha.
Afirma que durante o período que a Insitec foi accionista de referência da SDCN não tomou conhecimento, nem participou em nenhuma actividade ilícita.
“É ridículo pensar que os gestores de um porto controlam mercadorias. Eles apenas manuseiam cargas”, afiançou-nos um gestor sénior do Porto de Nacala.
CGD BPI mantêm apoio ao ‘chairman’ do BCI
O Diário Económico editado em Lisboa na edição desta quarta-feira noticia que o Conselho de administração do BCI, que pertence à Caixa (51%) e ao BPI (30%), mantém a confiança no seu presidente, Celso Correia. A tomada de posição surge após a divulgação pelo ‘site’ Wikileaks de documentos diplomáticos onde é referenciado o nome do presidente do BCI.
“Em reunião regular do conselho de administração que teve lugar no dia 13 de Dezembro na cidade de Maputo, foi deliberado por unanimidade, repudiar as notícias que alegadamente envolvem o BCI, bem como reiterar a sua confiança no presidente do conselho de administração, senhor Celso Correia”, disse uma fonte oficial do BCI.
SAVANA – 17.12.2010