O RIO Zambeze começou a transbordar e a inundar algumas das 17 ilhas que fazem parte da zona de jurisdição do distrito de Chemba, em Sofala, tendo igualmente já destruído extensas áreas de culturas alimentares sobretudo de milho na fase de colheita. O cenário pode vir a agravar-se devido às chuvas a montante.
Com efeito, conforme revelou ontem ao nosso Jornal na Beira o administrador de Chemba, António Januário, equipas multissectoriais integradas na Comissão Distrital de Emergência arrancam esta manhã para a busca e salvamento de eventuais sitiados. Contudo, com o abrandamento das precipitações no interior, o rio observou nas últimas 24 horas níveis oscilantes a jusante.
Mesmo assim, o delegado do INGC em Sofala, Luís Pacheco, afirmou que a sua instituição estava preparada para enfrentar qualquer situação. Pacheco sustentou que há recursos financeiros, logísticos e materiais em “stock”disponíveis para provável operação de emergência.
Pacheco assegurou que neste momento os Comités Locais de Gestão de Riscos de Calamidades no Zambeze, Búzi e Púnguè estão activos e a funcionar em pleno incluindo os comités distritais e da bacia do rio Save até na monitoria da oscilação dos rios e troca de informações.
Neste momento, os rios Zambeze, Púnguè e Búzi são considerados na província de Sofala como sendo os mais preocupantes pelo facto de se registarem significativas precipitações a montante.
A Direcção Nacional de Águas, entretanto, reafirma o apelo para que a população a jusante se mantenha afastada das zonas baixas e ao mesmo tempo evite a travessia do leito dos rios cujas medidas preventivas são extensivas às bacias do Maputo, Búzi, Púnguè e Licungo, em que os níveis de escoamento são altos.
INUNDAÇÕES PRENUNCIAM CHEIAS
O rio Zambeze, o maior que corre em território nacional poderá registar nos próximos dias inundações localizadas nas zonas baixas prenunciando a ocorrência de possíveis cheias na presente época chuvosa considerando que a fase mais crítica ocorre de Janeiro a Março.
Importantes contribuições de montante associadas a chuvas locais e a água drenada pelos principais tributários como o Luenha, Chire e Revúbuè fizeram com que todas as estações hidrométricas de jusante, nomeadamente em Mutarara, Caia e Marromeu ultrapassassem os níveis de alerta.
Até dia 25 deste mês, de acordo com informações tornadas públicas ontem por ocasião da actualização da previsão climática dão conta que o rio deverá atingir 40 centímetros acima do alerta, situado em cinco metros, ainda esta semana enquanto que em Caia deverá exceder em um metro o nível de aviso também situado em cinco.
José Malanço, da Direcção Nacional de Águas, disse que os níveis acima do normal acontecem, regra geral, entre finais de Janeiro e princípios de Fevereiro.
A Hidroeléctrica de Cahora Bassa está agora com a cota de 322 metros contra os 320 considerada a curva-guia, que permite contrabalançar a mitigação de impactos das cheias e garantir o armazenamento de água para os diferentes usos.
A HCB aumentou as descargas de 3200 metros cúbicos por segundo para 4400 a partir de segunda-feira como forma de aumentar a capacidade de encaixe para o pico dos escoamentos a montante que deve atingir entre 12 e 14 mil metros cúbicos por dia. O caudal médio de entrada durante a época chuvosa está situado em cinco mil metros cúbicos diários, considerados preocupantes atendendo a capacidade da albufeira que é pequena (armazena 30 mil milhões de metros cúbicos) em relação a de Kariba a montante. Um dos principais contribuintes a montante é o rio Aruângua, situado na confluência entre Moçambique e a Zâmbia.