– refere historiador moçambicano no FACEBOOK
O historiador moçambicano, Egídio Vaz, escreveu na sua página do Facebook, um comentário sobre a História de Moçambique, que contém a curiosa constatação de que a Praça dos Heróis, onde está a cripta, está a tornar um “simples cemitério familiar”.
“Ao olhar a nossa Praça dos Heróis sinto que ela corre o risco de na verdade se tornar em um SIMPLES CEMITÉRIO FAMILIAR”.
O Canalmoz publica aqui na integra o “post” que até ao fecho desta edição havia recebido mais de 30 comentários:
“Lázaro Kavandame, o chairman de Cabo Delgado e outros parecem ter tido a razão quando quiseram libertar apenas a sua província - então distrito - o Niassa. Depois de mortos pelos "revolucionários" AS SUAS PROVÍNCIAS ainda continuam na cauda do desenvolvimento nacional. A quem então serve a tão propalada UNIDADE NACIONAL?
Em manuais de história, em propaganda político-partidária e em toda esfera pública, publicitou-se e inculcou-se na memória dos moçambicanos que os contra-revolucionários e traidores foram mortos porque traíram os interesses supremos da linha "pura" da revolução moçambicana. Contra eles, foram lançados todos tipos de obuses, insultos e escárnio, só porque pretenderam levantar alguma voz para a sua emancipação e participação em processos de tomada de decisão, bem como opinar sobre o modelo de desenvolvimento a seguir pós-independência.
Ao rever a direcção original da Frelimo de 1962, fiquei desolado a ver que em apenas um ano, a maioria dos membros fundadores teria abandonado a direcção e o movimento. A história oficial chama a isso de "desentendimento e deserções no seio do movimento" enquanto na verdade tratou-se de uma cabala regionalista contra os então "pais" do movimento revolucionário moçambicano.
Um dia ainda iremos nos recordar, nostálgicos, de Adelino Chitofo Guambe, o jovem da UDENAMO, de Marcelino dos Santos, o sempre preterido quando fosse para tomar a direcção do poder, bem como de outros nacionalistas que tombaram na linha da frente, só porque discordavam de algumas formas de pensar dentro do então movimento.
No momento em que se comemora o "ano Samora Machel", precisamos de debater seriamente sobre como fazer para que diversas figuras provenientes de diferentes partes deste Moçambique TAMBÉM FIGUREM E ESTEJAM PRESENTES NO PANTEÃO NACIONAL; e sejam recordadas com a mesma efusividade.
É preciso ter coragem para urgentemente corrigirmos o grande erro que se está a cometer e resgatarmos a essência dessa unidade, que tanto sangue fez derramar.
Hoje, ao olhar a nossa Praça dos Heróis sinto que ela corre o risco de na verdade se tornar em um SIMPLES CEMITÉRIO FAMILIAR, visto que os que lá repousam pertencem quase à mesma linhagem etno-linguística e cultural. (Egídio Vaz in Facebook (*) Título adaptado. Da responsabilidade do Canalmoz
CANALMOZ – 26.01.2011