Após três dias de protesto anti-governo, o partido no poder no Egipto diz estar preparado para dialogar com a população e a oposição.
O secretário-geral do Partido Nacional Democrático, Safwat El-Sherif, no poder, disse que tinha chegado o tempo de escutar, mas que a democracia tem as suas regras e procedimentos.
Uma das vozes mais críticas dentro da oposição é Mohammed ElBaradei, o ex-director da Agência Internacional de Energia Atómica, que regressou ao Egipto com a intenção de se juntar aos protestos agendados para esta sexta-feira em apoio da melhoria das condições de vida da população.
Outro importante movimento da oposição, a Irmandade Muçulmana, oficalmente proibida de participar na vida política, disse à BBC que os protestos não estavam a ser organizados por nenhum grupo político específico, mas eram sim um reflexo colectivo da insatisfação popular:
"Desde o início que dizemos que não estamos a organizar nada, apenas a participar. Não estamos a empurrar as pessoas para as ruas. A verdade é que estamos perante uma confrontação entre o regime e o seu povo, um povo em furia. Estas pessoas têm agora o direito à palavra. É a palavra do povo e não dos políticos ou da Irmandade Muçulmana, "afirmou o porta-voz daquele movimento, Essam el-Erian.
Novos protestos
Durante o dia de ontem voltaram a registar-se protestos no Sinai, em Ismailiya e no Suez.
Na capital Cairo, centenas de manifestantes voltaram a confrontar-se com a polícia de choque.
São esperados esta sexta-feira milhares de polícias nas ruas e agentes à paisana quando estão previstos novos protestos.
Fontes policiais dizem ter assegurado ao presidente Hosni Mubarak, que com 82 anos está há três décadas no poder, que as forças de segurança irão conseguir controlar as massas.
Caso as autoridades não consigam conter as manifestações esta sexta-feira, analistas sugerem que a onda de protestos vai apenas ganhar mais força.
Mundo árabe
Outros países árabes estão a acompanhar de perto a situação, bem como as maiores superpotências mundiais e Israel.
O Egipto tem actuado até hoje numa posição de liderança no mundo árabe do Médio Oriente, e apesar de ter rubricado uma paz pouco popular com Israel, Cairo continua a exercer bastante influência na diplomacia.
Caso os egípcios saiam à rua em grande número, é possível, dizem os analistas, que outros manifestantes noutros países árabes se sintam encorajados a desafiar também eles o poder do Estado.
BBC – 28.01.2011