O Egipto continua a atravessar um dia crucial para o seu futuro com dezenas de milhares de manifestantes anti-governamentais a desafiar um recolher obrigatório imposto em todo o país.
No Cairo, a sede do Partido Nacional Democrático do presidente Mubarak foi incendiada. Soldados foram enviados para as ruas da capital e da cidade de Suez e tiros do Exército já foram disparados nas duas cidades, onde, inspirados pelos acontecimentos na Tunisia, os manifestantes parecem ter perdido o medo.
Muitos ficaram feridos na rebelião de hoje e, em Suez, pelo menos uma pessoa morreu.
Advertências
O general Abdel Kato, porta-voz das forças armadas egípcias, fez a seguinte advertência aos manifestantes.
"Porque é que as pessoas se recusam a regressar a casa e estão agora a desafiar o recolher obrigatório? Elas têm de entender. A sua mensagem foi recebida. Agora, por favor, esperem pela resposta das autoridades políticas. Estou certo de que o presidente Mubarak vai tomar decisões em benefício do povo egício. A minha mensagem para o povo é: não nos obriguem a usar a força!", advertiu.
Mesmo antes das manifestações de hoje o proeminente político da oposição egípcia, Mohammed ElBaradei, antigo director da Agência Internacional de Energia Atómica e prémio Nobel da paz, pediu à comunidade internacional “que praticasse o que prega - defender o direito dos egípcios aos valores universais: liberdade, dignidade, justiça social”.
Washington
Entretanto a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, manifestou apreensão com o que se está a passar.
"Continuamos a monitorar a situação. Estamos profundamente preocupados com o uso da violência pela polícia egípcia e as forças de segurança contra os manifestantes e apelamos ao governo egípcio para que faça tudo ao seu alcance para restringir as forças de segurança",afirmou.
O Egipto continua a ser um dos mais cruciais aliados de Washington na região sendo o segundo a seguir a Israel que mais ajuda militar recebe dos Estados Unidos.
Na quinta-feira, o presidente Obama lembrou que o Egipto foi um grande aliado dos EUA "num grande número de questões" e afirmou já ter dito várias vezes ao presidente Hosni Mubarak, que era "extremamente importante" lançar reformas sobre a maneira de governar".
Mas o que povo quer, agora não são apenas reformas mas simplesmente a demissão de Mubarak.
BBC – 28.01.2011