“A China tem interesses comerciais no Zimbabwe. O nosso grupo de empresas, a SOGECOA Zimbabwe, está a trabalhar no sector diamantífero neste país. Usamos a via terrestre, do Zimbabwe para Durban. Se o porto da Beira estivesse em condições, a Zâmbia, o Zimbabwe e Malawi, usariam este por estar mais próximo” – George Wang, director-adjunto do grupo SOGECOA Mozambique e ponto focal dos investidores e/ou empresários chineses que chegam a Moçambique com interesse de investir.
O Governo moçambicano e um grupo de investidores estrangeiros interessados na viabilização do Porto da Beira, na capital da província central de Sofala, iniciam esta semana negociações com vista a equipar aquela infra-estrutura de novas tecnologias e adoptá-la aos actuais padrões internacionais. As negociações deverão decorrer na capital do país, Maputo.
Se as negociações terminarem num bom consenso, a restauração das infra-estruturas portuárias deverá dar lugar ao alargamento do porto e da terminal de carga; à construção de um espaço para armazenar contentores; instalação de novo equipamento, entre outros melhoramentos.
Presentemente o Porto da Beira está a ser gerido pela Cornelder, uma firma que resulta de uma associação de sócios holandeses e moçambicanos. O cidadão Armando Guebuza, actual chefe de Estado, já foi PCA da Cornelder.
A Cornelder também explora o Porto de Quelimane, no Cuacua, um braço do delta do Zambeze.
Falando quinta-feira última ao Canalmoz, George Wang, director-adjunto do grupo SOGECOA Mozambique e ponto focal dos investidores e/ou empresários chineses que chegam a Moçambique com interesse de investir, disse que actualmente os navios quando chegam ao porto da Beira ficam na barra a aguardar entrada, devido ao assoreamento do canal, e há no porto falta de equipamentos de carregamento e descarregamento, entre outras condicionantes.
Wang não revelou os valores que poderão ser investidos na modernização do Porto da Beira, alegando que o projecto ainda vai à mesa negocial, sendo arriscado falar de montantes. “Mas temos muito dinheiro para investir em Moçambique”, assegurou.
“Sabemos que o Porto da Beira é muito importante para a zona centro do país e não só. É ainda mais importante para países como a Zâmbia, o Zimbabwe e o Malawi. Estes países não têm acesso directo ao mar, o que acarreta custos elevados nas importações”, disse a fonte que estamos a citar, acrescentando que estes países têm actualmente como local de chegada das suas mercadorias, o porto de Durban, na África do Sul.
“A China tem interesses comerciais no Zimbabwe. O nosso grupo de empresas, a SOGECOA Zimbabwe, está a trabalhar no sector diamantífero neste país. Usamos a via terrestre, do Zimbabwe para Durban”, disse sublinhando que se o Porto da Beira estivesse em condições, a Zâmbia, o Zimbabwe e Malawi, usariam este porto, por estar mais próximo.
“O porto da Beira é pequeno, mas é o segundo maior do país depois de Maputo. Nacala parece ser o segundo, mas, na verdade, não é. É preciso alargar e escavar. Na próxima semana, vamos sentar na mesa de negociações com o Governo. Se o Governo for receptivo, vamos trazer ao porto da Beira todos os países do hinterland”, disse.
George Wang, director-adjunto do grupo SOGECOA Mozambique lembrou que a SOGECOA, tem empresas no Zimbabwe e no Malawi.
O nosso interlocutor disse que é preciso melhorar e investir no porto da Beira para o bem do próprio país. Com o porto apetrechado, para além de Moçambique, outros países do Hinterland, passarão a usar a infra-estrutura.
“A SOGECOA está em Moçambique desde 1997 e construiu infra-estruturas como o Centro de Conferência Joaquim Chissano, Ministério dos Negócios Estrangeiro e Cooperação, Estádio Nacional do Zimpeto. Construiu o Aeroporto Internacional de Mavalane e Hotel Polana. Temos boas relações. Fizemos muitos trabalhos. Estamos aqui com o cunho do governo chinês. Temos confiança com Moçambique”, afirmou. (Cláudio Saúte)
Nova draga dinamarquesa para o Porto da Beira
Enquanto se aguarda que decorram negociações com interesses chineses como se versa numa outra notícia desta edição, uma nova draga com uma capacidade 2500 metros cúbicos de porão será instalada no Porto da Beira até ao final do próximo ano. Um acordo nesse sentido foi há dias assinado entre os Caminhos-de-Ferro, a Emodraga e um consórcio dinamarquês. O projecto vai custar 40 milhões de euros (1 Euro=45,00 Meticais).
O Porto da Beira vai a partir dos finais do próximo ano contar com uma draga nova que, dentre outra vantagens, vai permitir o aumento da profundidade do canal de acesso do porto dos actuais 7 metros para 9 metros, bem como da zona de ancoradouro.
O acordo inclui ainda a aquisição de um barco com equipamento de hidrografia para a Emodraga, bem como a reabilitação do Rebocador “Búzi”, e reabilitação do barco de Pilotos 2, dos CFM-Centro e assistência técnica à Emodraga, respectivamente.
Com este acto, estão criadas as condições para a existência, num futuro breve, de uma solução efectiva para a manutenção das cotas do canal de acesso, dos cais e das bacias de manobra do porto da Beira, contribuindo para a melhoria da segurança de navegação no porto, bem como para a prestação de serviços de recepção de navios até 60 mil toneladas.
As empresas dinamarquesas que formam o consórcio envolvido no referido projecto são a Johs.GRM-Hanssen e Rohde Nielsen (JGH/RN). A supervisão dos trabalhos será efectuada pelo consórcio CFM/Emodraga, contando com a assistência técnica do Consultor Naval dinamarquês OSK-ShipTech A/S. A draga a ser alocada à empresa Emodraga foi construída no estaleiro “Baltija Shipyard (Maersk Group)”, em Klaipeda, na República da Lituânia. (Cláudio Saúte)
CANALMOZ – 31.01.2011