O PRESIDENTE da União Africana (UA), Bingu wa Mutharika, vai apresentar aos dirigentes da organização as propostas do Presidente cessante da Costa do Marfim para acabar com a crise no país.
Mutharika, chefe de Estado do Malawi, esteve reunido ontem, pelo segundo dia consecutivo, com o presidente cessante da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, e com o rival Alassane Ouattara, presidente reconhecido pela comunidade internacional.
“O meu irmão e amigo (Laurent Gbagbo) explicou-me em detalhe o que se passou e também me explicou em detalhe as suas ideias” para sair da crise nascida da eleição presidencial de 28 de Novembro, afirmou Mutharika, após uma segunda reunião com Gbagbo, que se seguiu a um encontro com Ouattara.
“Vou transmitir as suas propostas e as suas opiniões à União Africana, aos seus irmãos chefes de Estado e de Governo da União Africana, para que possamos, pela concertação, encontrar uma forma de avançar”, acrescentou Mutharika.
Durante uma cimeira prevista para domingo e segunda-feira em Addis Abeba, a União Africana deve analisar a crise na Costa do Marfim, que opõe Gbagbo a Ouattara e que já provocou mais de 260 mortos desde meados de Dezembro.
A 21 de Janeiro, o Primeiro-Ministro do Quénia, Raila Odinga, mediador apontado pela União Africana, defendeu um isolamento diplomático e sanções financeiras para forçar Gbagbo a transferir o poder.
Entretanto, Guillaume Soro, Primeiro-Ministro do Governo de Alassane Ouattara, propôs em Brazzaville, no termo duma audiência com o Presidente Denis Sassou Nguesso, uma operação militar para destituir Laurent Gbagbo, que se recusa a abandonar o poder na Costa do Marfim.
Guillaume Soro, que realiza contactos junto de alguns chefes de Estado africanos, afirmou que nenhuma opção poderá persuadir o Presidente cessante da Costa do Marfim a deixar o poder com calma.
“Conheço o Presidente cessante, sabemos que nada pode convencê-lo a ceder o poder pacificamente. Eis alguém que decidiu confiscar o poder e em tais circunstâncias a história ensina-nos que não há outra alternativa”, disse.
Adiantou que Alassane Ouattara, considerado pela quase totalidade da comunidade internacional como o Presidente eleito da Costa do Marfim disse a África que tudo vale melhor do que a guerra. “Não precisamos da guerra na Costa do Marfim. Por isso pensamos que uma operação militar que não é a guerra, uma operação militar comando contra Gbagbo, resolveria o problema na Costa do Marfim. Abordámos isso com a CEDEAO”, declarou.