AS inundações nas bacias dos rios Save e Púnguè já começaram a afectar pessoas que vivem ao longo daqueles vales e dos seus afluentes, para além de atingirem extensas áreas agrícolas e ditar a interrupção de aulas em pelo menos três escolas primárias, isto no distrito de Nhamatanda. Enquanto isso, os rios Búzi e Zambeze estão com tendências diferentes, pois o primeiro caminha para a redução e o segundo para o aumento, o que poderá agravar-se com o incremento das descargas que estão sendo feitas pela HCB.
O acesso rodoviário a partir da vila-sede de Nhatamatanda para alguns pontos onde haja riachos está condicionado. Por exemplo, a localidade de Nhampoca é uma das zonas que está isolada, onde três escolas estão sem aulas. Os seus habitantes recorrem a pequenas embarcações para o transporte de pessoas e bens.
Num contacto com o nosso Jornal, o administrador de Nhamatanda, Sérgio Moiane, disse que as enxurradas inundaram duas escolas primárias e cercaram uma outra, fazendo com que tanto os alunos como professores fiquem em casa. As escolas afectadas são, designadamente, as de Momba, Armando Guebuza e Mucheruwene.
Está em fase de levantamento o número de machambas inundadas em todo o distrito, segundo disse a fonte.
Enquanto isso, no distrito de Machanga a bacia do Save galgou as margens em alguns pontos, tendo inundado culturas, sobretudo nas zonas baixas. A administradora distrital, Ana Matiquite, disse que as populações estão nas zonas seguras e que a Administração tem estado a monitorar a situação.
Em Caia, onde a bacia do Zambeze está a conhecer o aumento do caudal devido às descargas efectuadas na Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), a situação está igualmente controlada, conforme nos garantiu o respectivo administrador, António Cuela.
António Melembe, da ARA-Centro, disse-nos por sua vez que no cômputo geral a maior preocupação está nas bacias dos rios Púnguè e Save. Exemplificou que no rio Púnguè a situação poderá agravar-se na baixa de Mafambisse, onde para além do canavial da açucareira local também centenas de camponeses possuem machambas, grande parte das quais já estão inundadas, segundo testemunhámos.
Até às sete horas de ontem, domingo, o rio Save registava 5,2 metros na Vila Franca do Save, contra 5,5 do nível de alerta, enquanto às mesmas horas o Púnguè já tinha sete metros, contra os seis do nível de alerta. O Lucite, que está com tendências de baixar, às seis horas de ontem registava 5,85 metros, contra os 5,5 do nível de alerta na Estação Hidrométrica e Pluviométrica de Dombe, enquanto às mesmas horas o rio Búzi tinha 3,78, contra os 5,5 metros de alerta.
- ANTÓNIO JANEIRO