No Cairo a polícia de choque voltou a usar gás lacrimogéneo e bastões para dispersar milhares de manifestantes que pelo segundo dia consecutivo protestavam contra o regime autoritário do país.
De acordo com testemunhas, alguns dos manifestantes refugiaram-se em ruas secundárias e responderam à carga policial com pedras.
Um grupo de activistas concentrou-se frente ao sindicato dos jornalistas pedindo a demissão do presidente Hosni Mubarak.
Há também notícias de manifestações em Suez.
Antes, o Ministério egípcio do Interior alertou que as pessoas que participem em protestos contra o governo vão ser julgadas.
Numa declaração, as autoridades disseram que as manifestações não vão ser permitidas.
Um correspondente da BBC no Cairo afirma que tecnicamente os protestos no Egipto são proibidos sob as leis do estado de emergência.
O alerta do governo egípcio acontece depois da morte de uma quarta pessoa em protestos, que foram desencadeados durante a noite.
Os médicos afirmam que uma pessoa ferida acabou por falecer em Suez, no leste do Egipto, onde dois manifestantes foram mortos na terça-feira.
Um polícia também foi morto na violência no Cairo. Depois de "um dia de revolta" em todo o Egipto na terça-feira os manifestantes tentaram realizar uma nova manifestação no centro do Cairo.
Apelo à união
Ao falar na terça-feira, o líder da oposição Mohammed el-Baradei, expressou simpatia pelos manifestantes e disse que as pessoas tinham que estar unidas para alterar o futuro do destino do Egipto:
"Sou a favor da mudança mas parte da minha mensagem é que a mudança não acontece através de uma só pessoa mas apenas acontecerá quando o povo é mobilizado e assume o controlo do seu próprio destino”, disse Mohammed El-Baradei.
A polícia usou canhões de água na terça-feira para dispersar os manifestantes da Praça de Tahrir, um lugar simbólico no centro do Cairo.
Mas entretanto o governo proibiu qualquer manifestação alertando que os envolvidos serão julgados.
Uma porta-voz da Comissão Europeia, Maja Kocijancic, disse que a União Europeia quer que o governo egípcio respeite o desejo do povo para a mudança política.
"Como sempre, estamos a seguir de perto estes eventos, estes protestos que estão a acontecer. Encaramos a situação como a vontade de muitos egípcios tendo em conta o que se está a passar na Tunísia.
“Apelamos às autoridades egípcias que respeitem e protejam o direito dos cidadãos de expressarem as suas aspirações políticas através de manifestações pacíficas e de expressarem o seu desejo legítimo de acções políticas para lidar com os problemas que afectam o seu quotidiano", disse uma porta-voz da Comissão Europeia.
Em Washington, a Casa Branca também apelou ao governo egípcio que permita os protestos, descrevendo a situação como "uma oportunidade importante" para a nação.
BBC – 26.01.2011